sábado, outubro 30, 2004

Novidades cá do burgo

Parte II

Porque as insistências têm sido muitas e o meu telefone não para de tocar aqui se levanta mais uma pontinha do véu…
Aquele grupo empresarial que ainda não sabe a diferença entre um refrigerante e uma cerveja vai ter um novo quadro lá para Junho do próximo ano (ainda não se sabe se é menina ou menino… óbvio, né).
Outro dos meninos já se encontra em reuniões pré-nupciais para preparar a boda que esta prevista para Maio de 2005.

Não. Não vale a pena continuarem a insistir que eu não divulgo os seus nomes. Comprometi-me a manter estas matérias em segredo total (como se nota).
Adeus e até à próxima.

sexta-feira, outubro 29, 2004

Novidades cá do burgo

Dois dos elementos desta tribo vão mudar de vida.
Falo de paternidade e de casamento.
Não vale a pena insistirem que eu não conto quem são.


Será do nevoeiro?


(Foto de Sérgio Rodrigo)


NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer--

Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogofátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.

(Que ânsia distante perto chora?)

Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...É a Hora!

Fernando Pessoa

quinta-feira, outubro 28, 2004

OBRIGADO

Finalmente as atenções estão voltadas para os cientistas de comunicação e o seu trabalho.
Na qualidade de escriba mais velho deste pasquim, sinto-me habilitado para dizer que, desde o fim do Estado Novo, este é o primeiro governo com preocupações no âmbito da comprovação e da experimentação da comunicação.
Durante milénios o acto de comunicação limitou-se aos sinais sonoros, visuais e sensoriais emitidos pelo corpo humano. Ao entender estas limitações o Homem quis ir mais longe, quis ultrapassar as barreiras da distância, inventou aquilo que mais tarde Marshall McLuhan designaria por “extensões dos sentidos”. O tambor transformou-se numa extensão da fala e os sinais de fumo numa extensão dos gestos. Assim nasceu a comunicação de massas. Com a evolução tecnológica estas extensões transformaram-se numa panóplia de meios de difusão de comunicação maciça.
Muitas das invenções destinadas a aumentar ou melhorar a comunicação estão associadas ao exercício do poder, quem detinha os melhores meios de comunicação detinha o poder (parece-me que ainda hoje é assim).
À medida que os novos meios iam emergindo, o Homem foi ficando cada vez mais fascinado e aterrado. Cada “extensão” trazia em si um mundo de promessas e um inferno de ameaças. Os receios não estavam apenas relacionados com as intenções do comunicador (onde é que já ouvi isto), mas também com as características do meio de comunicação, como podemos ver por estes exemplos históricos:
- Sócrates lançou alertas contra o aparecimento da escrita alegando que esta iria provocar a preguiça mental.
- A divulgação da impressão, no séc. XIX assustou as autoridades Britânicas que receavam que o acesso da população à palavra escrita provocasse um levantamento popular.
- Em 1920, nos Estados Unidos, o cinema foi acusado de produzir efeitos negativos nas crianças.
- Nos EUA os “Comic Books”, estiveram para ser proibidos, sendo acusados de ser “o ópio do infantário” , para além de contribuírem para o analfabetismo, por proeminentes psicólogos americanos da década de 40.
- Do ponto de vista da escola de Frankfurt (1942) “os indivíduos não passam de fantoches manipulados pela sociedade”.
- Na década de 50, os maiores “inimigos” da cultura eram a televisão e a rádio.
Hoje em dia subsiste o medo da influência nefasta dos media O receio cresceu paralelamente ao aumento de poder de cada meio e parece, ainda nos dias de hoje, ter-se transformado numa obsessão incontrolada.

Nos meus, idos, tempos académicos, a aprendizagem baseava-se no estudo das variadas, e muitas vezes contraditórias, teorias de comunicação e de manipulação. Agora temos a ajuda de um conjunto de ilustres que, com os seus preciosos contributos, têm permitido a comprovação de uma panóplia dessas teorias através da criação de um "grande laboratório" com cerca de 10 milhões de cobaias.

Vejamos os primeiros estudos e as respectivas conclusões:
Ao vermos/ouvirmos/lermos as declarações contraditórias entre o nosso primeiro e nosso das finanças reconhecemos, em uníssono, a falta de habilidade comunicacional do governo assim como o seu desnorte (Teoria Hipodérmica);
Quem falou em cabala foi o ministro dos assuntos parlamentares; que disse que ela era involuntária e que a sua existência não permitia o contraditório. (Modelo de Lasswell);
A tentativa de utilização de um código simples e isento de ruído (Teoria da Informação);
Nos dias seguintes as conversas de “família” versam sobre esta noticia dando lugar à “confirmação” da mesma por parte dos “mais informados” (Teoria dos Efeitos Limitados);
Pretendiam uma reacção acritica das massas que aceitasse esta realidade sem a analisar nem contestar (Teoria Critica)
Utilizaram as raízes culturais para manterem os seus efeitos a longo prazo (Teoria Culturológica)
Os temas de dialogo do dia seguinte foram absorvidos por esta noticia relegando para segundo plano o estado das finanças publicas, a colocação dos professores e a "bomba" das reformas milionárias (Agenda-setting)
Já para não falar da existência de uma “força detentora do conhecimento da manipulação”, onde se enquadram as teorias de Wright (1963) em que cada indivíduo é visto como um átomo isolado que reage isoladamente às “ordens e às sugestões” dos meios de comunicação de massa monopolizados. (Central de Comunicação…, hum,… talvez tenho tirado daqui a ideia)
A sesta... nem sei em que teoria se enquadra.

Obrigado Senhores, nós, os comunicólogos, Vos agradecemos..
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Florbela Espanca
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

Fernando Pessoa
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

David Mourão-Ferreira

As sem razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

Chove cá dentro

A horrível sensação de frio mental do trajecto deserto e madrugador entre os lençóis alheios e a minha cama, aniquila os resquícios do calor dos corpos do começo da noite. De manha acordei com a alma em lágrimas.


quarta-feira, outubro 27, 2004

Hoje vou dormir bem…

Há dias que não nos correm muito bem… ainda por cima o tempo também não ajuda… ambiente cinzento deixa-me pardacento… as sondagens além Atlântico não são animadoras… ainda por cima o nosso Sarmento anda armado em sarna… negando uma “intenção de conspiração”…

Morais Sarmento nega "intenção conspirativa" do gabinete de comunicação
(Notícia in Público)

O ministro da Presidência, Morais Sarmento, negou hoje que o futuro gabinete de comunicação e informação do Governo, cuja criação é criticada por toda a oposição, tenha qualquer "intenção conspirativa".

"Os governos devem ter, como qualquer empresa, a obrigação de tornar a sua mensagem perceptível", afirmou Morais Sarmento, na apresentação da fatia do Orçamento de Estado para o seu ministério, onde estão consagrados dois milhões de euros para este gabinete.

De acordo com Morais Sarmento, os "únicos objectivos do gabinete de comunicação e informação serão o tratamento da informação que entra e a comunicação das decisões do Governo e não qualquer conspiração".

Na audição conjunta da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias e da Comissão de Economia e Finanças, o socialista Augusto Santos Silva criticou o orçamento destinado a este gabinete por ser "substancialmente superior à soma de todos os incentivos destinados à comunicação social regional". Também António Filipe, pelo PCP, e Francisco Louçã, pelo Bloco de Esquerda, desafiaram o governante a esclarecer os objectivos deste gabinete.

"Lá fora ninguém questiona este tipo de serviços, só aqui é que assume estes contornos extraordinários", criticou o ministro na resposta, lembrando que o futuro gabinete terá cerca de 30 funcionários, contra os cerca de 200 que desempenham as mesmas funções em Espanha ou os 2300 em Inglaterra.

Na reunião, Morais Sarmento defendeu também para o próximo ano "o reforço da vocação do serviço público da RTP e RDP", bem como o apoio "ao trabalho das administrações da RTP, RDP e Lusa". De acordo com a proposta governamental, a dotação orçamental para a comunicação social vai aumentar 6,9 por cento no próximo ano face à estimativa para 2004, ascendendo aos 168,1 milhões de euros.

Sobre a RTP, e interrogado por Augusto Santos Silva, o ministro reafirmou que o Governo não vai interferir de forma directa na programação da estação pública. "Aquilo que fizemos há dois anos foi definir um modelo de serviço público, o que tem obviamente consequências na programação. De então para cá, não houve mais nada", afirmou.

Questionado sobre a ausência de dotação orçamental para a futura entidade reguladora da comunicação social – acordada em sede de revisão constitucional entre maioria e PS – Morais Sarmento respondeu que "primeiro é necessário consensualizar os seus estatutos".

O ministro de Estado e da Presidência adiantou, contudo, que a nova entidade poderá ser financiada com as verbas actualmente destinadas à Alta Autoridade para a Comunicação Social e parte dos orçamentos do Instituto para a Comunicação Social e Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom).

No entanto, lá de fora mandam recados…

FEJ preocupada com situação dos média em Portugal alerta Comissão Europeia e Parlamento Europeu
(Notícia em Sindicato dos Jornalistas)

A Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) apelou “ao Governo português para que cesse imediatamente o seu programa de condicionamento da liberdade de imprensa” e transmitiu “à Comissão Europeia e ao Parlamento Europeu as suas preocupações com as suspeitas de falta de independência dos média portugueses lançadas pelas afirmações de governantes”. A posição da FEJ foi tomada a 25 de Outubro, em reunião do seu Comité Director, efectuada em Bruxelas.

Reportando-se às “declarações públicas” de membros do Governo português, que “evidenciam uma forte tentação” de “controlo dos órgãos de informação e de limitação da liberdade de expressão”, a FEJ apela também “ao Presidente da República e ao Parlamento de Portugal, para que redobrem a sua vigilância sobre o cumprimento das garantias constitucionais de liberdade de imprensa e de independência dos meios de comunicação social do Estado”.


A FEJ considera que “são incompatíveis” as funções do ministro Morais Sarmento na “definição das políticas governamentais de média” com as “de coordenação da comunicação institucional e propaganda do Governo”.A moção aprovada pelo Comité Director da FEJ, estrutura em que o Sindicato dos Jornalistas está representado, afirma a necessidade de os profissionais participarem no processo de definição da “nova entidade reguladora” para os média e apela ao Governo e à Assembleia da República para realizarem “um amplo debate público” sobre o assunto.A FEJ expressou, ainda, apoio à Alta Autoridade para a Comunicação Social, “para que exerça o seu mandato com inteira independência fiscalizando quaisquer tentativas de ingerência nas empresas e de pressão sobre os média”.

É o seguinte o texto integral da moção aprovada pelo Comité Director da Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) em 25 de Outubro: Tendo tomado conhecimento de que:


1. Membros do Governo português têm feito declarações públicas que evidenciam uma forte tentação de pressão sobre o órgão independente de regulação dos média, de controlo dos órgãos de informação e de limitação da liberdade de expressão;

2. O ministro que orienta a política de comunicação social, com poderes de regulamentação da actividade dos meios de informação, coordena igualmente a tutela da propaganda do Governo, sendo seu porta-voz institucional e responsável pelo respectivo gabinete de comunicação e imagem;


3. O mesmo governante defende que os operadores de serviço público de rádio e televisão devem ter a sua “liberdade limitada”, lançando assim uma grave suspeita de instrumentalização das empresas de média do Estado e atingindo a dignidade profissional dos jornalistas;


4. Apesar de estar em marcha a criação de uma nova entidade reguladora dos média, conduzida pelo Governo, as organizações representativas do sector, e particularmente o Sindicato dos Jornalistas, continuam à margem deste processo, O Comité Director da Federação Europeia de Jornalistas, reunido em sessão ordinária:


a) Apela publicamente ao Governo português para que cesse imediatamente o seu programa de condicionamento da liberdade de imprensa, abstendo-se de declarações e de actos que a possam comprometer;


b) Considera que as funções de definição das políticas governamentais de média são incompatíveis com as de coordenação da comunicação institucional e propaganda do Governo;

c) Exprime o seu apoio à Alta Autoridade para a Comunicação Social, para que exerça o seu mandato com inteira independência fiscalizando quaisquer tentativas de ingerência nas empresas e de pressão sobre os média;

d) Apela ao Presidente da República e ao Parlamento de Portugal, para que redobrem a sua vigilância sobre o cumprimento das garantias constitucionais de liberdade de imprensa e de independência dos meios de comunicação social do Estado;

e) Apela ao Governo e todos os parlamentares da Assembleia da República a realizarem um amplo debate público sobre as atribuições, competências e composição da nova entidade reguladora do sector da comunicação social;

f) Transmite à Comissão Europeia e ao Parlamento Europeu as suas preocupações com as suspeitas de falta de independência dos média portugueses lançadas pelas afirmações de governantes e com a falta de participação efectiva dos representantes dos jornalistas no processo de discussão e criação da nova entidade reguladora do sector. Bruxelas, 25 de Outubro de 2004 O Comité Director da FEJ/FIJ

Mas, para o fim do dia as coisas começaram a correr melhor… à noite muito mais… pois amanhã [sim, hoje entretanto, 4ª-feira] poderá ser um dia de justiça…

Amigo Barroso, só espero que seja a tua vez de levar com chuva… fica longe… e leva o teu amigo italiano… para bem longe… mas cuidado! Não cometas um «pecado» com esse senhor iluminado… é um caso para dizer: “O Roque e o Amigo”…

Comissão de Durão Barroso pode ser chumbada pelo Parlamento Europeu
(Notícia in Público)

A Comissão Europeia liderada por Durão Barroso corre o risco de ser chumbada amanhã pelo Parlamento Europeu, já que o grupo parlamentar liberal, que funciona como fiel da balança em Estrasburgo, se inclina para rejeitar o futuro colégio de comissários.

Na véspera da decisiva votação, o futuro presidente da Comissão Europeia esteve reunido com os democratas-liberais, mas o encontro terá servido de pouco, face à sua recusa em afastar o conservador italiano Rocco Buttiglione da pasta da Justiça e Assuntos Internos.

Segundo uma votação informal realizada durante a reunião, 50 dos 88 deputados liberais pretendem votar amanhã contra a nova comissão, 23 vão votar a favor e cinco abstiveram-se. Os restantes dez não estiveram presentes.

Assim, salvo alterações de última hora, Barroso tem garantidos os votos dos 268 eurodeputados do Partido Popular Europeu (PPE), 27 da União para a Europa das Nações, 23 liberais e 12 do grupo dos não-incritos, totalizando 330 votos.

Aos 50 parlamentares liberais que prometem votar contra, junta-se a maioria dos 200 deputados socialistas, os 42 dos Verdes, os 41 do Grupo da Esquerda Unitária e os 37 euro-cépticos, num total de 370 votos.

A confirmarem-se estes números, a futura Comissão Europeia, que deveria entrar em funções já no próximo dia 1 de Novembro, será chumbada pelo Parlamento Europeu, abrindo uma crise institucional inédita na história comunitária.

Socialistas e liberais acusam Durão de ignorar posição do Parlamento

Depois dos socialistas terem prometido votar contra a futura comissão caso Durão Barroso não afastasse Buttiglione — contestado pelas suas posições demasiado conservadoras em relação ao casamento e à homossexualidade —, as esperanças do ex-primeiro-ministro português residiam nos liberais.

Contudo, a maioria dos eurodeputados centristas não ficaram convencidos com as garantias apresentadas por Durão Barroso. "Ele não tinha nada para nos oferecer", afirmou a eurodeputada britânica Sarah Ludford, criticando a forma como o futuro presidente da Comissão Europeia tem gerido esta crise: "As pessoas pensam que ele simplesmente não ouve o Parlamento Europeu".

As mesmas críticas tinham já sido ouvidas quando Durão Barroso reafirmou a confiança em Buttiglione mesmo depois do parecer negativo dado pela comissão parlamentar das liberdades cívicas. O conservador italiano, amigo pessoal do Papa João Paulo II, afirmou repetidas vezes que a homossexualidade é um pecado e que o casamento serve para as mulheres terem filhos e serem protegidas pelos maridos.

Apesar das pressões, Durão Barroso recusou sempre remodelar a comissão e, em alternativa, propôs limitar as competências de Buttiglione nas matérias ligadas às liberdades fundamentais e à não discriminação, as quais passariam a ser tuteladas por um grupo de comissários, sob a sua liderança.

Perante a iminência do chumbo, algumas fontes em Estrasburgo admitiam o adiamento da votação, a fim de encontrar uma solução de compromisso entre os três maiores grupos parlamentares, todos eles representados na futura comissão. Contudo, o presidente do Parlamento Europeu, o socialista espanhol Josep Borrell, garantiu não ter sido entregue qualquer requerimento nesse sentido.

Há ainda a possibilidade de Buttiglione se afastar voluntariamente, abrindo caminho à resolução do impasse. Contudo, alguns eurodeputados socialistas, como a austríaca Hannes Swoboda, sustentam que esta crise prova que o Durão Barroso "é incapaz de dirigir a Europa".

É fácil compreender como estou excitado... votação do Durão... e o nosso censurado Marcelo na Alta Autoridade... melhor, melhor, mesmo só um mega-julgamento de BTs corruptos...

Bem me parecia...

Afinal existem limites na Web:
http://homepage.oninet.pt/684mcn/final/

Abraço

terça-feira, outubro 26, 2004

Reconhecimento Público

Grande vídeo de turma Zuka! Muito Obrigado!!

Tens de arranjar o ficheiro em formato maior.

Grd Abraço

Assim somos vistos...

Santana visto como estrela da imprensa cor-de-rosa
Jornal espanhol faz balanço dos 100 dias de Governo
A falta de preparação do primeiro-ministro português e a obsessão com os meios de comunicação são dois dos pontos em destaque no artigo publicado na edição de hoje do El País. Um texto que pretende fazer um balanço de 100 dias de Pedro Santana Lopes à frente do Executivo. O resultado é uma análise pouco cor-de-rosa. À excepção da imagem do chefe do Governo.

Joana Latino
Jornalista

Todos estão juntos contra o primeiro-ministro. É assim que o artigo assinado por Margarida Pinto caracteriza a sociedade portuguesa depois de 100 dia de governo de Santana Lopes. Preto no branco, no Jornal El País, explica-se que o primeiro-ministro conseguiu uma aliança pouco comum entre meios de comunicação social mais ou menos conservadores, comentadores de esquerda e de direita, sindicatos e patrões.

O diário espanhol salienta depois os casos que considera reveladores de um chefe de governo que não resiste a um microfone ou a anunciar uma medida por dia.

O mais flagrante, escreve Margarida Pinto, envolveu o ministro das Finanças. Um dia Bagão Félix explicou que a situação económica do país não permitia baixar impostos ou subir os salários congelados nos últimos anos. Duas semanas depois, Santana Lopes anunciou o contrário, pressionado, diz o artigo, pela proximidade das legislativas do próximo ano, e pelas legislativas de 2006.

Um orçamento, acrescenta, que serviu ao primeiro-ministro para calar a polémica desencadeada pela suspeita de pressão sobre a comunicação social. Mais um caso destes 100 dias de governo, que envolveu desta vez o ministro dos Assuntos Parlamentares.

O jornal El Pais explica que às acusações sobre o caso Marcelo Rebelo de Sousa, Gomes da Silva se defendeu com a insinuação de uma conspiração contra o governo.

O artigo caracteriza Santana Lopes como alguém que raramente levou um mandato até ao fim - como secretário de estado da Cultura, presidente da Câmara da Figueira ou presidente do Sporting. E explica que é um homem que construiu carreira através de uma enorme exposição pública da vida pessoal e privada. Santana Lopes é visto pelo jornal espanhol como uma estrela da imprensa cor-de-rosa. Como último exemplo da obsessão com a imprensa, o El País lembra o desmentido da sesta alegadamente dormida pelo primeiro-ministro, entre um debate parlamentar e um desfile de moda.

in sic online
Haja saúde

domingo, outubro 24, 2004

Hilariante

Caros amigos,
se John Kerry for eleito, tenho a honra de vos apresentar o futuro vice-presidente dos EUA, John Edwards (tem mais tiques que o Guterres), no link que se segue: AQUI

Abraço

A vida tem destas coisas...

Os U2 recuperaram uma pasta com vários documentos pertencentes à banda, roubada há 23 anos em Portland. Entre o material desaparecido estavam as letras das músicas que fariam parte do álbum «October» de 1981.

A pasta foi roubada em 1981 por uma mulher que entrou nos bastidores de um espectáculo do grupo naquela cidade norte-americana há 23 anos. Além das letras, desapareceram também cartas de fãs dos U2, fotografias e um passaporte de Bono Vox.

Depois do roubo da pasta, o músico viu-se obrigado a reescrever todas as canções em estúdio, durante as gravações do disco. Nas duas vezes em que os U2 voltaram à cidade, anos depois, Bono lançou vários apelos aos espectadores pedindo informações sobre o paradeiro do material roubado. Agora que recuperou a pasta, o cantor não escondeu a alegria. «Vocês nunca vão saber o que isto significa para mim», disse aos jornalistas.

De acordo com site Dotmusic, a pasta foi encontrada por Cindy Harris no sótão da casa que alugou em Washington. Depois de descobrir que os documentos eram roubados, a mulher tentou durante anos entrar em contacto com a banda e os seus representantes.
in Diario Digital

sexta-feira, outubro 22, 2004

Nostalgia

Por motivos que agora não interessam... encontrei este texto... deu-me um ataque de nostalgia... Sábados de manhã... :)

Mãe Vem Ouvir

Mãe!
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei! Traze tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangue verdadeiro, encarnado!


Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!

Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.

Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me ao teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.

Mãe! ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa. Eu também quero ter um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.

Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!

Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!

A. Negreiros

quinta-feira, outubro 21, 2004

OU TALVEZ NÃO

Apenas três palavrinhas - “ou talvez não”- , são o meu, humilde, conselho à central de comunicação. Só três.
Utilizem estas três, pequeninas, palavrinhas “ou talvez não”, em todos os discursos, declarações, entrevistas, ou outros dislates, dos nossos membros do executivo, e mais ninguém os poderá acusar de contradições ou inverdades (como está na moda, ou talvez não).

Depois envio a factura (isto de ser criativo tem os seus custos).
F.Marinho
Comunicólogo

quarta-feira, outubro 20, 2004

Quebra de tabu

O diário “A Capital” assumiu uma posição pública que poderá ser identificada como inédita. Não pelo conteúdo, mais pela forma. O editorial de terça-feira, assinado pelo director do jornal, Luís Osório, assumiu de uma forma inequívoca, a preferência pela vitória do democrata John Kerry nas eleições dos Estados Unidos.

A tomada de posição foi decidida em reunião de editores. Luís Osório advoga a urgência de os jornais se constituírem como “corpos vivos, capazes de criarem condições para a discussão de um assunto que pões em causa princípios fundamentais”. “Mais do que a vitória de Kerry, é fundamental que Bush perca as próximas eleições”, defende o director do título.

Nos Estdos Unidos é habitual os jornais de referência assumirem na sua linha editorial posições claras sobre as políticas internas do país. Ainda recentemente o mítico New York Times defendeu a vitória de Kerry. É de notar que a população americana já está a votar, pois existe a possibilidade de votar antes do dia de eleições em alguns estados.

Será que foi quebrada mais uma barreira? A declaração d’A Capital constitui uma sacudidela na tradição da imprensa nacional?

Luís Osório esclarece que não assumiram “esta posição enquanto opção de direita ou esquerda, mas sim enquanto europeus que acreditam num mundo mais tolerante e menos perigoso” e clarifica que semelhante decisão no panorama político nacional apenas se conferia se “algum princípio estruturante fosse posto em causa”.

Os ministros Morais Sarmento e Gomes da Silva devem estar a rezar para que Marcelo não passe a incluir o número de telefone Luís Osório na sua agenda de contactos.

Pessoalmente concordo com o posicionamento d’A Capital. É mais honesto o órgão de comunicação social tomar uma posição clara na sua linha editorial, do que recorrer a formas mais subliminares que se aproximam perigosamente da manipulação. Se as notícias forem devidamente pluralistas, isentas, objectivas e enquadradas no respectivo contexto, entendo que para além das colunas de opinião de colaboradores, a linha editorial do poderá perfeitamente assumir – pontualmente – posições sobre a realidade nacional e internacional. É uma atitude menos hipócrita.

A justiça nacional

Os motivos que levam altos magistrados de Portugal a discutirem o estado da justiça nacional em Badajoz são – para mim – completamente desconhecidos. Será uma indigestão provocada pela doçaria local? Portugal já demasiado pequeno? Com excesso de limitação da liberdade de expressão? Desligam os microfones a estes ilustres? Se ainda fosse em Olivença…

Quando o Ministério Público encarna neste país os interesses punitivos do Estado e simultaneamente a defesa da sociedade no seu todo, não se compreendem as mais recentes declarações do seu mais alto representante.

Reparem bem nas palavras sábias deste senhor que “apenas” o Procurador-Geral da República: “volto a dizer o que disse há uns tempos em relação às declarações para memória futura. Se este caso [leia-se Casa Pia… para os mais distraídos] acontecesse em França, os miúdos seriam ouvidos em declarações para memória futura. Se acontecesse em Espanha, em principio seriam ouvidos em declarações para memória futura. Há aqui alguma hesitação no que diz respeito à protecção das vítimas da Casa Pia que acho que não pode existir e que só existe, evidentemente, pela importância das pessoas acusadas”.

Não é de uma pessoa ficar um pouco confusa. Ou será que é o senhor que está equivocado? Alguém lhe explicou as suas funções?

Tenho uma sugestão: agarre na sua mala de cartão e vá para França ou fique mesmo já em Espanha. Se nesses países as coisas funcionam e se cá em Portugal o senhor é incapaz de contribuir para uma alteração desta realidade… de que está à espera?

Em alternativa, tenho uma outra sugestão: cale-se e trabalhe! E já agora, coma menos caramelos… de caramelos está este país a abarrotar.
De qualquer forma aceite os meus parabéns. O Governo continua a acreditar em si… o que é algo de muito reconfortante…

Ver para crer...

Correio da Manhã

Em resposta ao Carlos, acho que esta foto não deixa dúvidas a ninguém, bem talvez deixe ao papa do norte, que já tinha roubado o meu Belenenses... haja saúde...

O nosso Governo é um mimo…

O ministro Gomes da Silva conseguiu detectar um “conluio” ou uma “cabala” – ele ainda não sabe bem… - entre Expresso, Público e o pregador dominical. Provas é que não tem… apenas iluminação suficiente para discernir esta “força de bloqueio” ao novo Primeiro-Ministro… "O que o 'Expresso' trazia ao sábado era, no dia seguinte, glosado no PÚBLICO, e Marcelo Rebelo de Sousa domingo à noite desenvolvia o tema".

Não compreendo como é que Marcelo ainda não foi convidado para chefiar a Central de Informações do Governo… tem o perfil mais do que adequado… que poder... que influência...

À noite, surge um outro ministro – este mais motoqueiro, com um historial de consumo de narcóticos isentos de imposto e uma doce retórica com tendência para a sopa de letras – a afirmar que "deve haver uma definição por parte do poder político acerca do modelo de programação do operador de serviço público", pois "não são os jornalistas nem as administrações que vão responder perante os eleitores"... quem diria...

Recordo que foi este o mesmo ministro que assinou no passado ano o contrato de concessão da televisão pública que apelava a um serviço público isento, independente, pluralista, aberto a todos os credos religiosos, etc… hoje entende que é necessário "haver limites à independência"… he, he, he… como é bom ser comido por anjinho… tinha ficado com a ideia de o ter ouvido afirmar que largara os ditos narcóticos… cá para mim ele continua a consumir... os outros que estão sujeitos a imposto…

Os meus amigos o que têm a dizer sobre este assunto?
Francisco, como poderás constatar eu tenho razão! Não há censura! Apenas uma data de… espera deixa escolher a palavra… carneiros?... sim, parece-me bem… apenas há uma data de carneiros a serem descaradamente – à luz do dia – manipulados… de uma coisa não os podemos acusar: eles não escondem o que estão a fazer… censura para quê???

Já agora, têm sido tantas as visitas... e a participação tão diminuta... quem sabe se o tal momento não chegou? Terminou o prazo de validade?

Ou será que as participações estão a ser censuradas?????

Resta-me apenas uma dúvida existencial... aquele perú do Vitor Baia foi golo os não???

Já me esquecia... PARABÉNS DELEGADA!!!


domingo, outubro 17, 2004

Notícia de última hora

O impensável aconteceu... João Alberto consegue vitória nas Regionais na Madeira... para os patetas da comunicação social de Lisboa saberem como é... e a imprensa local também não irá esperar por algumas "limpezas"... termina assim o "porreirismo nacional"... Pedro Santana Lopes pode contar com ele para o saneamento do aparelho de Estado...

dasse...

Mais um exclusivo

As pressões sobre a comunicação social aumentam. Leia mais este exclusivo do Inimigo Público.
Sex (de sexta-feira) 15 de Outubro 2004



Igreja pressiona Paes do Amaral por causa de Castelo Branco

Quer Aves Marias ditas com “menos bichice”

O Cardeal Patriarca de Lisboa disse à comunicação social estar profundamente chocado com a participação de José Castelo Branco na “Quinta das Celebridades”.

No seu entender, os trejeitos abichanados do marchand “destinam-se apenas a defender interesses pessoais e deveriam estar sujeitos ao princípio do contraditório” .

Poucos dias depois destas afirmações, Paes do Amaral convocou Castelo Branco para uma reunião secreta, à saída da qual a celebridade anunciou que vai abandonar, temporariamente, a quinta. O marchand garantiu ao Inimigo Público que esta decisão nada tem que ver com a conversa com o patrão da TVI: “Não, de todo. Tivemos uma conversa giríssima em que ele me disse para soltar menos a franga. Para ser menos bicha. Um chique!”.


Ao que o IP apurou, José Castelo Branco deverá aproveitar o afastamento da quinta para, com a “criatividade e imaginação” que o caracterizam e em total liberdade, pensar num novo formato para si próprio, que terá de incluir pêlos no peito e pernas, barba rija, fanatismo futebolístico (mais um a somar aos 6 milhões?), alusões constantes a gajas boas, palavrões e um ou outro arroto sonoro.

Consulta de Planeamento Familiar

Artigo publicado na última sexta-feira n'o Inimigo Público...

Silêncio de Marcelo Provoca Baby-Boom

O Instituto Nacional de Estatística prevê uma explosão da taxa de natalidade dentro de nove meses.

A razão desta subida prende-se com a saída de Marcelo Rebelo de Sousa da TVI. Com o fim do comentário semanal do professor, os telespectadores, que antes passavam aquela hora em frente à televisão, ocupam agora esse tempo a procriar.

O INE prevê ainda que 90% das crianças do sexo masculino nascidas daqui a nove meses serão chamadas de Marcelo, em homenagem ao ex-comentador, e que as primeiras palavras que irão dizer serão “Santana” e “Incompetente”, em vez das costumeiras “Papá” e “Mamã”.

DASSE

Tenho estado longe destas lides mas isso não quer dizer que tenha estado desatento.
A ultima semana foi proficua em "novos" mirones e em velhos leitores. Ao ponto de ter surgido uma proposta de encontro. Mas vamos por partes e por respostas/comentários atrasados.
1 - Ao "revolucionário desde nascença" só tenho a citar um poeta português - "A mim ninguém me cala"...
2 - Ao nosso primeiro, basta dizer que podes tentar mas a mim não me enganas.
3 - Ao Hugo (ganda maluco) - é claro que não sei a resposta para a tua questão sobre a longevidade casamenteira... mas tudo indica que vais no ... caminho.
4 - Ao nosso primeiro, basta dizer que por mais que tentes a mim não me enganas.
5 - Às Caldas informo que podem ralhar sempre que quiserem. Qualquer contributo é bem vindo.
6 - Ao nosso primeiro, basta dizer que podes continuar a tentar que a mim não me enganas.
7 - Quanto à carta que recebi e aos pedidos de informação solicitados, cá vai - http://www.lisbonadschool.uni.pt/
8 - Ao nosso primeiro basta, dizer que não vale a pena continuar a tentar que a mim não me enganas tu.
9 - À loira (a do Zuka) só te digo que é sempre bem vinda. O meu calo abdominal bem o demonstra.
10 - Ao nosso primeiro, só digo que por mais que te esforces não me convences.
11 - À "minha" loira não tenho nada a dizer (pelo menos em publico, sim, porque o nosso amor não é para ser partilhado por este bando de ...).
12 - Quanto a jantares e outros encontros... por mim... tá-se... bem.
12 - Desta vês não é ao nosso primeiro. O meu maior respeito pelas prostitutas. Essas pelo menos sabem que estão a ser fodidas. Percebes-te, ó nosso primeiro.
Dasse


sexta-feira, outubro 15, 2004

Dia tão feliz

Depois de ter assistido aos belos debates na RTP entre os comentadores Santana e Sócrates... depois de ter lido os seus argumentos como comentadores na revista Sábado… hoje vi os dois “inimigos” esgrimirem as suas opiniões na Assembleia de República… um como líder do maior partido da oposição e o outro – imagine-se – como Primeiro-Ministro… a discussão sobre um outro comentador… este entretanto fora-de-jogo… foi deliciosa…

O país que nós temos… governados por comentadores… he, he... que povão...

quinta-feira, outubro 14, 2004

Mais uma vitória dos Blogues

Os blogues funcionam como vigilantes da comunicação social.
A estação de televisão CBS teve de pedir desculpa por ter utilizado documentos incorrectos numa reportagem "60 Minutes"...




Blogs look burly after kicking sand on CBS
Bloggers enjoy a moment of glory after pooling their expertise to uncover the truth about the forged memos on Bush's service record.

By Stephen Humphries Staff writer of The Christian Science Monitor

Scott Johnson took a bite out of CBS's "60 Minutes II" and came away with 15 minutes of fame.

Mr. Johnson, a Minneapolis lawyer with a political website called Power Line, proved to be instrumental in challenging the authenticity of documents CBS used to impugn George W. Bush's record in the National Guard.

On Sept. 9, the morning after CBS aired its report about Mr. Bush, Johnson updated his blog with comments from readers who believed that the documents - allegedly written 32 years ago - were forgeries. Questioning everything from the memos' military jargon to whether a 1970s typewriter could have produced the "proportionally spaced fonts" on the documents, the blog (short for web log) soon drew the attention of other bloggers - and the mainstream media. Twelve days later, after intense research by print and TV journalists, CBS conceded that it couldn't vouch for the documents' authenticity.

Its Monday admission deals a blow to the credibility of CBS News and anchor Dan Rather, who had defended his "60 Minutes II" report. But the episode has jolted the media establishment in another way: It served notice that there's an aggressive new watchdog in town, in the form of thousands of bloggers willing - even eager - to question, nitpick, or attack reports in the mainstream media.

For the most part, political blogs act as forums for armchair pundits to deliver often-partisan commentary. But because blogs link to one another with comments and feedback, the buzz around one story can attract the attention of hundreds of thousands of blog readers, who in turn can offer "on the spot" knowledge or expertise. In the CBS case, bloggers raised the initial doubts, analyzed each new wrinkle, and occasionally did original reporting, scooping the professionals.

"What this story illustrates is the power of the blogs as a medium for the transmission of information," says Johnson, who can now claim to have made the cover of this week's Time magazine - if only because the back of his head is visible in a photo collage featuring Mr. Rather. "My efforts were to act as a clearinghouse for the circulation of information," which was then subjected to confirmation, he says.

To some, that's hardly a viable journalistic standard.

"We can't be too quick to equate the bona fides and journalistic chops of a blogger with that of any mainstream media organization," says Christopher Klein, a former executive vice president of CBS News. "The bloggers do not have any system of checks and balances. My issue is simply when we start elevating these journals of opinion to the level of newspapers of record, so to speak."

Other critics have complained that blogs can traffic in rumor, such as a claim in February that Sen. John Kerry had had an affair with a former intern.

Responding to the criticism, Glenn Reynolds, a law professor at the University of Tennessee behind the Instapundit blog, says the online community acts as its own ombudsman to sift fact from allegation.

"The check on blogs is other blogs," he says. "Because blogs operate in a reputation-based environment, nobody minds a bias. But they expect you to be honest about your facts. And if you get a reputation for not being honest about your facts, people pay lots of attention to you." Since the CBS furor, the blogging community has been showered with accolades in opinion pages and editorials. Still, it's premature to start awarding Pulitzer prizes to the laptop set.

Professional journalists have been the ones consulting experts and following up promising leads. "I would argue that we were able to do a few things that blogs were not," avers Christopher Isham, chief of investigative projects at ABC News, one of the first news outlets to challenge CBS's documents.

Still, a perception exists among some bloggers - and among many news consumers - that without blogs the media wouldn't have picked up the story.

Not so, says Dan Gillmor, author of "We the Media" and columnist for the San Jose Mercury News. "People upset about the documents and raising questions would have been on the phone to every reporter they could get on the phone to."

One advantage the bloggers did have was speed.

The "60 Minutes II" report produced photocopies of documents allegedly written by the late Lt. Col. Jerry Killian, Bush's commander in the Air Texas National Guard, claiming that he was being pressured to "sugar coat" Bush's record.

Within hours of Rather's report, hundreds of laptop users were scrutinizing the memos posted on CBS's website.

Charles Johnson, a blogger in Los Angeles with an expertise in typography, suspected forgery: The documents looked too contemporary. He typed one of the memos into a Microsoft Word document - using the program's default settings - and found that the CBS documents were an exact match. He sent Power Line a link to his findings at LittleGreenFootballs.com.

By noon, Bill Ardolino of the INDC Journal blog had seen the Power Line stories and interviewed a typeface expert. The expert's doubts about the memos appeared that day on Mr. Ardolino's blog.

And, like a champion Bingo player, Power Line was also first to shout out that Col. Walter B. "Buck" Staudt, the man who supposedly pressured Colonel Killian in a memo dated 1973, had retired a year and a half earlier.

The information bloggers brought to bear on the issue was impressive, says ABC's Mr. Isham, who reads several blogs a day. "In fairness to the blogs, I think [they were] the first thing that tipped us off that there might have been a problem - because they were on it right away," he says.

Blogs' influence on news coverage has been rising since 2002. US Sen. Trent Lott resigned as US Senate majority leader that year after online pundits pounced on remarks in which he endorsed Sen. Strom Thurmond's 1948 segregationist presidential bid.

In a smaller but more recent example, bloggers attending a Sept. 3 Bush campaign stop challenged Associated Press claims that a Wisconsin crowd booed when the president announced that Bill Clinton was to undergo heart surgery. Several blogs posted audio and video of the rally on their sites, and the AP later retracted its story.

"Since time immemorial people have complained that journalists got stories wrong about things they knew about," says Virginia Postrel, a New York Times columnist with a blog at dynamist.com. "What's happened with the blogs, and the reason they have the power to actually change media stories is that it's not just Joe complaining to Pete that this story looks fishy to him. It's Joe posting it for all the world to see."

The CBS episode follows several high-profile media scandals, including revelations that both Jayson Blair at The New York Times and Jack Kelley at USA Today included fabrications in stories.

Some Americans believe journalists are guilty of political bias. That attitude is often reflected in blogosphere, the online blogging community. The left-leaning site Daily Kos regularly complains that coverage on Fox News is slanted. Similarly, conservative sites such as Power Line accuse organizations like CBS of displaying a consistent liberal bias. Not surprisingly, critiquing news coverage is a large component of political blogging.

Blogs' watchdog role will continue to influence newsrooms, says Kelly McBride, a member of the ethics faculty at the Poynter Institute in St. Petersburg, Fla.

"We have known that our credibility is eroding," says Ms. McBride. "We have been slow to change our practices, slow to eliminate or minimize the use of anonymous sources, to diversify our staff so that we accurately reflect the population that we serve.... It's possible that with this new uprising of criticism, that the mainstream media will react quicker on those issues."

A hora da loira...


loira
Originally uploaded by zuka.

E que tal organizar um jantar convívio do blog? Para membros e eventuais mirones!
Deixo à  vossa consideração,
Aquele abraço

Artigo interessante

Está em português do Brasil, mas é um texto interessante. Está publicado AQUI

NA CAMA COM A MÍDIA
Já no século XIX, os magnatas reconheceram o poder político e econômico do controle da informação

Por Carlos Drummond [1]

"Você tem mesmo que ir para a cama com os grandes investidores", desabafou certa vez o executivo George Morris para um jornalista, referindo-se à dependência da empresa controlada NBC, uma das três maiores redes de televisão dos Estados Unidos, em relação ao dinheiro de terceiros.

Quando deu essa declaração, Morris trabalhava para a RCA, empresa controladora da NBC e que foi adquirida pela General Electric em 1986. Com 30% do mercado de televisão nos Estados Unidos, líder mundial de notícias de negócios e produtora de programas assistidos em mais de cem países, a NBC representa hoje, no entanto, apenas 7% do faturamento da General Electric.
À dependência da NBC em relação aos grandes investidores acrescente-se, portanto, a sua participação irrelevante nos negócios da controladora GE. A superposição de dominações econômicas, externa e interna, dá uma idéia do tamanho da encrenca que é, para o jornalista da NBC, defender o interesse público, função precípua da sua profissão.

Longe de ser exceção, o desequilíbrio de forças entre o jornalismo e os negócios na NBC/GE é o padrão vigente nos grandes grupos de mídia que mandam nas notícias, no entretenimento e na cultura no mundo. O modelo foi consolidado no fim do século XIX, no nascedouro da grande empresa, nos Estados Unidos.

Magnatas que se tornariam ícones do capitalismo americano, como John Pierpont Morgan e John D. Rockefeller, lideraram o processo de constituição das organizações empresariais gigantes a partir da Guerra Civil (1861-1865), fato de importância decisiva para a economia americana. O problema é que a construção dos impérios privados desses e de outros senhores baseou-se na apropriação desbragada de ativos públicos.

A rapinagem, facilitada por condições materiais excepcionais e pelo anseio das pessoas por crescimento econômico, foi tamanha que os empreendedores receberam o apelido de barões ladrões, em alusão aos nobres da Europa medieval que repeliam as obrigações impostas pelo rei, taxavam as populações das suas regiões e assaltavam as caravanas de mercadores que transitavam por suas terras.

Rockefeller, o rei do petróleo, e Morgan, o czar das finanças, foram expoentes dessa estirpe, de acordo com os jornalistas áulicos; ou dessa gangue, como identificaram os repórteres investigativos ou muckrackers do período. Ambos, assim como Cornelius Vanderbilt e Johns Hopkins, magnatas das ferrovias, perpetuaram os seus nomes em universidades, fundações, museus, teatros e hospitais. A julgar pela sua prática, pertenciam à mesma vertente de especuladores execrados como Jay Gould, Daniel Drew e James Fisk, Jr., a quem superavam apenas na arte da dissimulação e da apresentação dos seus negócios como se fossem cruciais para o interesse público.

Cedo os barões ladrões perceberam o poder político e econômico do controle da informação. Alguns deles se esmeraram na usurpação de uma imprensa que, durante a Revolução, de 1775 a 1783, tinha mostrado seu valor. Nessa tarefa, empreendedores espertalhões, como Rockefeller, e espertalhões empreendedores, como Jay Gould, pontificaram. Mas coube a um outro integrante da plêiade, o banqueiro e construtor de canais e ferrovias Jay Cooke, o pioneirismo na matéria.

Considerado o criador do marketing financeiro e dos grandes negócios com títulos públicos, anunciava maciçamente nos jornais as subscrições de papéis do governo e pagava almoços e bebidas para todo jornalista financeiro que encontrasse. Os anúncios e os agrados rendiam-lhe o apoio dos jornais a projetos de leis e a conduções da política econômica em seu favor. A eficácia das suas ações valeu-lhe a nomeação como agente exclusivo do Tesouro. Em 1863 a sua organização tinha 2,5 mil agentes e lançava títulos equivalentes a US$ 500 milhões por ano.
Rockefeller contava com pelo menos dois instrumentos para obter lucros: as torres de petróleo e o controle da imprensa nas regiões de prospecção. Um dos primeiros periódicos da sua rede, comprado em 1885, foi o combativo The Derrick, da Pensilvânia, que era o seu mais feroz oponente. Em Buffalo possuía o People’s Journal; em Trinidad, no Colorado, era dono de dois jornais, o Chronicle News e o Advertiser.

A cadeia tinha ainda o Chieftain, de Pueblo, e o Post, de Denver. Pioneiro da assim chamada imprensa segmentada, Rockefeller publicava também dois veículos voltados para a sua clientela: o Manufacturer’s Record, dirigido aos industriais, e a Southern Farm Magazine, distribuída para os fazendeiros.

A propriedade de jornais não bastava e Rockefeller desencadeou uma ação que deixaria com água na boca muitos empresários e não poucos assessores de imprensa de hoje. Através da Jennings Publishing Company, de Ohio, firmou contratos com mais de cem jornais para supressão de toda e qualquer menção prejudicial à sua pessoa ou aos seus negócios.

Uma outra cláusula obrigava a publicação de artigos preparados pela sua empresa, a Standard Oil, apenas sob a forma de reportagens ou editoriais, jamais como publicidade. A idéia entusiasmou outros empresários. Um contrato semelhante foi assinado, por exemplo, entre a ferrovia Southern Pacific e o jornal Examiner.

Rockefeller utilizava, em relação à mídia, métodos e padrão moral semelhantes aos usados na construção do seu império, baseado na sabotagem dos concorrentes e em conluios e manipulações para aplastar as produtoras de petróleo independentes. A mesma coerência mostrou Jay Gould.

O New York World, adquirido em 1879 e vendido para Joseph Pulitzer quatro anos depois, era o seu instrumento para manipular o mercado de ações, desacreditar concorrentes e apresentá-lo como paladino da luta contra os monopólios, uma maneira de diminuir a má repercussão dos golpes que aplicava ao mandarim das ferrovias, Cornelius Vanderbilt, e a John Pierpont Morgan no mercado de ações e no setor de estradas de ferro.

Mais insidiosa e eficaz foi a sua manobra para se apropriar da Western Union Telegraph Company e, por meio desta empresa, da Associated Press, a principal agência de notícias nos Estados Unidos. Informações distorcidas para beneficiar os seus negócios, notas positivas a seu respeito e notícias fabricadas contra os movimentos grevistas e em favor do capital eram distribuídas e publicadas por quase todos os jornais.

O efeito dos magnatas americanos sobre a mídia não se restringiu à ação direta. Rockefeller fundou as universidades de Chicago e Stanford; Vanderbilt, as batizadas com o seu nome. Morgan criou o Drexel Institute, além de aportar milhões de dólares para a Universidade Harvard. O financiamento dessas e de outras instituições foi uma operação casada com a imposição, por meio da demissão de professores críticos, de um padrão de ensino de economia altamente favorável aos barões ladrões.

Centralizado na história de negócios laudatória aos empreendedores, esse modelo foi a base de inúmeras revistas dedicadas a tecer loas aos empresários. Com esse lastro ideológico, as práticas rasteiras dos barões ladrões, autores, é bom lembrar, de transformações cruciais para a economia, adquiriram legitimação social.

Não por acaso os grandes meios de comunicação quase sempre poupam empresários e banqueiros e referem-se a eles apenas para enaltecer o brilhantismo das suas jogadas mercadológicas e publicitárias. Essa é a regra e aqueles que fogem do roteiro sabem muito bem das agruras que os esperam.

Tamanha ascendência do dinheiro privado sobre a informação de interesse público só se explica pelo total entranhamento da razão empresarial no Estado, nas instituições democráticas, na mídia e na opinião pública. A história mostra, no entanto, que nem a razão empresarial nem o domínio da mídia são infensos às grandes crises econômicas, que costumam demolir, em poucos anos, décadas de submissão e de aulicismo, como se viu após a derrota dos monopólios simbolizada pela quebra da Bolsa de Nova York em 1929.

Os livros contam também que nem mesmo nos piores momentos deixaram de existir jornalistas comprometidos com o interesse público e que a sua resistência foi decisiva para o ressurgimento e a revitalização da imprensa crítica.

[1] Carlos Drummond é jornalista e coordenador do curso de Jornalismo da Facamp – Faculdades de Campinas

As informações contidas neste artigo estão publicadas em O Monopólio da Mídia, de Ben Bagdikian; O Capitalismo Selvagem nos Estados Unidos, de Marianne Debouzy; The Robber Barons, de Joseph Matthew; History of the Great American Fortunes, de Gustavus Myers.

quarta-feira, outubro 13, 2004

Tinha prometido não ralhar...

... e não vou... mas... o blogue nos últimos dias parece mais um ménage a trois com penetra pelo meio...

Então? Está tudo de férias? A festejar aniversários passados e vindouros?

CARTA UNIversitária

Recebi uma carta como antigo aluno (é assim que se fica velho).
A proposta é interessante, a ideia também, o preço... Estes tipos estão doidos...

Beijos para a Sofia.
(tenho saudades, snif...snif...)







Hoje não vou ralhar

Hoje não estou com vontade de ralhar... estou a perder as forças...


Passem por este site... foi renovado...

Iraque debaixo de fogo

Toy vai cantar no Iraque para os militares da GNR

O cantor Toy vai tornar-se, em breve, no primeiro músico português a actuar no Iraque, onde irá realizar um concerto para os militares da Guarda Nacional Republicana estacionados naquele país.


Segundo a edição desta quarta-feira do Diário de Notícias, o concerto terá lugar dentro de dias, em Nassiryah.

Quanto ao autor de êxitos como «Sensual» e «Olhos de Água», deverá partir para o Iraque no próximo dia 23 de Outubro.

13-10-2004 9:52:58 in Diário Digital

Já não bastava estarem longe de casa...

Guerra Junqueiro...há uns bons anos atrás!

" Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...)

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...)

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e estes, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas;

Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, a-pesar-disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)

Guerra Junqueiro, in Pátria

terça-feira, outubro 12, 2004

O que ontem era mentira, hoje é verdade


Foto - "Medo" - da autoria de Rui Vale de Sousa
extraída do site 1000 Imagens





A nossa memória é curta. A memória – tal como a responsabilidade – é inexistente na classe politica nacional.

Há cerca de um ano foi discutido na Assembleia da República uma proposta de Lei apresentada pelo BE que pretendia regular a concentração dos grupos de média.

A proposta foi rejeitada pelos partidos da coligação, sob o pretexto que a lei existente ser “perfeitamente adequada”, palavras do menino Melo do PP, na altura ainda simples membro da bancada mais à direita.

A Alta Autoridade para a Comunicação Social está a ser mantida ligada a um ventilador político há meses, diria mesmo há anos. Quando foi criada – incluída numa revisão constitucional – a sua função prioritária ligava-se à atribuição das licenças para os novos canais de televisão. No entanto a sua funcionalidade não se extinguia na exclusividade da análise dos diversos cadernos de encargos concorrentes e ao parecer fornecido ao Governo da altura.

Houve momentos em que ainda tentou intervir no panorama comunicacional. A verdade é que os resultados foram nulos. O seu poder máximo nunca foi executado, nem tão pouco serviu de arma de persuasão ou dissuasão. Retirar a licença de emissão a uma operadora nunca foi verdadeiramente equacionado. O pagamento de multas sempre compensou o criminoso. Os vários atropelos à lei, à ética e à deontologia ficaram sempre impunes.

A extinção da AACS já está prevista há muito tempo, assumidamente. Os nossos políticos têm realizado várias “reuniões de trabalho” (como eu gosto desta expressão) de forma a chegarem a um acordo sobre um novo figurino, no entanto há a questão da Constituição. O juiz desembargador Torres Paulo - e a sua equipa - é mais um encargo que consta na nossa folha de pagamentos. Seja por incompetência, falta de vontade política, disponibilidade de tempo ou um outro motivo de força maior... estes senhores não passam de um bibelot. Giro e com uma história, mas apenas a ocuparem um espaço ainda livre no naperon da politica nacional.

Durante anos temos assistido a uma total desregulamentação e concentração nos média nacionais. Hoje a “informação” está na mão de uns poucos que têm uma estratégia concertada. A sua agenda, aparentemente oculta, acaba por ser bem transparente. A qualidade da informação deu em definitivo lugar ao entretenimento televisivo. As notícias não servem para informar, apenas para entreter uma população. Os jornalistas têm visto a suas funções usurpadas e adulteradas de uma forma vergonhosa, muito com consentimento da sua própria classe.

Volto a afirmar que hoje não existe jornalismo, apenas comunicação corporativa. Não digo que seja apenas em Portugal, mas é a comunicação lusitana que mais me preocupa neste momento.

O caso Marcelo – já repararam que vivemos na era dos “casos”? – foi apenas mais um momento em todo este processo. Um caso muito mediático, pelo carinho que o professor habilmente conseguiu conquistar como comentador/analista, mas que não o conseguira como político no activo.

A sorte portuguesa é a existência de muitos gurus que apontam o caminho e interpretam a realidade: “Na actual esquizofrenia mediática, Portugal vive entre dois mundos: o real, com cidadãos e problemas comuns, e o imaginário, primário, e artificial, com os ‘golpistas’ de sempre” [Luís Delgado – DN 11.10.04]. O problema é que ninguém identifica esses ‘golpistas’, já faz lembrar o ‘sistema’ do outro…

Apesar da afirmação de PSLopes na sua última comunicação ao país ter assegurado que “a liberdade comanda as nossas [Nossas? Quem?] vidas”, confesso não ter ficado muito convencido. Jorge Sampaio também não. O Presidente da República faz-me lembrar aqueles árbitros que depois de terem tomado uma decisão errada, do tipo não assinalar uma grande penalidade, começam com uma arbitragem muito inconsistente. Para além de Felipão Scolari, também o PR deverá andar com insónias, os seus erros têm sido tremendos. O seu maior pecado é a falta de clareza nas suas intervenções.

A sua insistência numa entidade reguladora da comunicação social parece agora um pouco fora de tempo. Não acredito que tenha sido a audiência que conceder a Marcelo R. Sousa que o tenha iluminado. Terá andado distraído? Apenas agora tomou consciência desta realidade lancinante?

O Sindicato dos Jornalistas apela a uma coisa que já existiu em tempos, designada por Conselho de Imprensa… em alternativa, segundo Óscar Mascarenhas, presidente do conselho deontológico do SJ, defende a existência de “alguém” com autoridade dissesse aos portugueses: “Vocês estão a receber gato por lebre”. Sim, também quero ser levado para uma mata e que me dêem um tiro na cabeça…

Quando os jornalistas deixam de acreditar neles próprios, muito mal estamos! Não seria mais indicado o sindicato desta classe apelar aos profissionais para reassumirem as suas verdadeiras funções e responsabilidades nas redacções? Para variar que começassem a fazer jornalismo? O sindicato deveria defender os jornalistas na luta contra a usurpação e esvaziamento das suas funções. O news-judgment tem de regressar aos jornalistas, os critérios editoriais não podem ser definidos numa assembleia de accionistas.

Quando uma personalidade, com a responsabilidade de Óscar Mascarenhas, defende que deve ser alguém a dizer o que é bom e o que não o é ao público, estamos perante da assunção da falência da comunicação social.

Já agora quem seria esse alguém? Um assessor do Ministério da Administração Interna, ou de “um-a-criar” Ministério da Propaganda?

Anda para aí gente já a mais! A mais e há demasiado tempo!

Vá lá, António Vitorino esteve menos-mal: “A resposta passa não apenas pela criação de uma nova entidade reguladora da comunicação social – aspecto previsto na última revisão da lei fundamental - , mas também pela capacidade de auto-organização dos jornalistas e da opinião pública”.

Ser jornalista – e estou a falar na generalidade dos profissionais – já não constitui promoção social, pois perderam a credibilidade. Cabe ao jornalistas defenderem a sua própria profissão, correndo o risco de trabalharem apenas com press releases e tornarem-se meros gestores – nem criadores são – de conteúdos.

Eu sei que os jornalistas também são pessoas. Sei que têm os mesmos problemas do cidadão comum, pagam cresces, escolas, propinas, créditos, hipotecas… necessitam de um vencimento no fim do mês. Mas cada vez recebem menos, cada vez têm mais condições precárias, maior instabilidade profissional… mas a iniciativa tem de partir do seu seio. Os jornalistas têm em primeiro lugar uma responsabilidade cívica com o público. Quando não a tem torna-se “noutra coisa”, mas nunca poderá dizer que é jornalista.

Voltem a interpretar os acontecimentos, façam o seu enquadramento… com objectividade, pois “a liberdade comanda as nossas vidas”.

Eu não quero ir para a mata… ajudem!




Audioblogger: Speak Up!

Já esão em progresso aquelas inovações faladas na tertúlia...
Eu avisei!
Aquele abraço

Limites da publicidade...


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Originally uploaded by zuka.

E por falar em censura, este outdoor, passava? Por mim está aprovado, é melhor que ver o andaime!!
Esta foto tirei-a na Austria, enquanto tomava um cafezinho...
Um bem haja

segunda-feira, outubro 11, 2004

CENSURA

"Eu compreendo que a censura os irrite porque não há nada que o homem considere mais sagrado do que o seu pensamento e do que a expressão do seu pensamento. Vou mais longe; chego a concordar que a censura é uma instituição defeituosa, injusta...
...resta ainda um aspecto em que a censura é forçada a intervir, de quando em quando, o aspecto doutrinário. Este aspecto tem duas faces, Ciência pura, mesmo no terreno politico, doutrina pura, doutrina sem acinte, doutrina de boa fé, de intuitos superiores e reformadores, é absolutamente legítima e demos já instruções para que não lhe cortem as asas, para que a deixem viver. Mas há também a doutrina com aplicação imediata, a doutrina subversiva, demasiado habilidosa, claramente habilidosa. Perante esta doutrina a censura, infelismente, não pode deixar de actuar, porque se transforma, nesse momento, na função natural dum regime de autoridade...
... Uma boa lei de imprensa pode reprimir certos abusos. Mas não os evita..."

Neste momento da leitura, todos vós estão a achar que este humilde escriba está a precisar de alguns calmantes ou outros venenos. Mas não. O texto que encabeça este post é da autoria do Dr. Oliveira Salazar, e qualquer semelhança com a actualidade é pura ficção (acho eu).

Após esperar por um discurso/leitura, discurso directo em diferido, apontado/anunciado para uma determinada hora, o qual perdi (também não estou interessado em achar) na primeira mão, mas vi/ouvi (aterrorizado) em diferido.
Ufa.
Se a vós vos custa a ler, imaginem-me a escrever...
Finalmente compreendi...
Volta António Ferro...

Ainda ontem recebi, por email, uma frase que ilustra bem o discurso (in)directo que acabei de ver/ouvir- "O melhor sogro do mundo é o nosso primeiro ministro. Vai deixar tudo à nora."

Aquilo que mais me atormenta é que não posso culpabilizar os seus eleitores. Neste ninguém votou.

Alguém que me leve para a mata e me dê um tiro nos miolos.




Governo contra Cabaret da Coxa

A censura continua de vento em popa... agora o ataque aconteceu na SIC Radical... mais concretamente o programa Cabaret da Coxa… alguém se lembra do quadro do nosso primeiro? Pois… tocou o telefone de um dos responsáveis da SIC, do outro lado estava uma voz do Governo… seria bom que retirassem o quadro… e não é que foi mesmo retirado?!

Isto está a ficar bonito… a Mandala que se cuide, ainda perde o Santana Flopes…

PARABÉNS

A CARLA O. faz aninhos.

Eu já lhe dei os parabéns. Faltam vocês.

F.Marinho

domingo, outubro 10, 2004

Eleições no Brasil

Vejam um sortido de cartazes eleitorais AQUI.

Apenas falta um do Santana...

sexta-feira, outubro 08, 2004

CORREIO DO LEITOR



Sr. Director, eu e um grupo de amigos reunimos diariamente, no período de almoço, sendo normal dizermos mal do governo. Considerando que nesses fóruns as opiniões são habitualmente unanimes, e raramente existem vozes defensoras do executivo, solicito a sua ajuda no sentido de nos esclarecer se necessitamos de informar a Presidência do Concelho de Ministros para que este organismo envie algum seu representante, de forma a garantir a pluralidade e o contraditório, nos almoços supracitados.
Grato pela atenção dispensada,
Os amigos da febra.

Notícias do 4º calhau, a contar da esquerda...



O nome desta foto é "Janela para o Mundo"
e é da autoria de Jorge Coimbra, tendo sido
extraída - mais uma vez - do site
1000 Imagens.

Sei que há pessoas que aqui vêm que gostam
destes felinos... mas também sei que aqui há gato...





Não, não estás sozinho Francisco… apenas não tenho tido a disponibilidade imprescindível… e a verdade é que também tenho andado um pouco arreliado… e juro que o meu agastamento nada tem a ver com o fio dental do White Castle em prime time…

Não sei bem por onde começar…

Começar pelo diferendo Governo – Media Capital – Marcelo? Penso que não haja muito a dizer… quem ainda acredita na divisão dos poderes e presume que a comunicação social tem cada vez mais poder… está redondamente enganado… penso que este é um exemplo de algo que eu já há algum tempo defendo… não existe comunicação social, apenas grupos económicos com departamentos de comunicação corporativa…

Reparem no ridículo… o presidente de um grupo económico – Pais do Amaral – debate directamente com um colaborador – Marcelo R. Sousa – sobre o desempenho deste? Onde anda o director de informação? Mesmo com o Eduardo Moniz no estrangeiro trata-se de uma situação inadmissível, total usurpação de poderes. O presidente da empresa toma o poder editorial? Trata-se da assunção da falência do jornalismo – e eu estou-me a referir ao jornalismo utópico dos manuais…

Não compreendo… como é que os jornalistas da redacção da TVI aceitam um nível destes. Ok, Ok… emitiram um comunicado… e mais não podem fazer… também eles têm os miúdos em colégios, hipotecas, leasings… MUDEM DE PROFISSÃO OU TOMEM UMA POSIÇÃO DE FORÇA… seria bom deixarem-se de dissimulações… não digam que são jornalistas…

Censura? Não, não há censura Francisco… censura pressupõe a existência de informação, de notícia… cadê a informação… cadê os agentes de informação?? A única coisa que vamos tendo é uma enxurrada de fait divers embalados como notícia. Propaganda… comunicação empresarial? Sim, disso temos muito… censura não! Não vejo uma oposição ao status quo implementado… é vantajoso para um grande número de pessoas… os outros – leia-se “nós” – estamos a vegetar… a estupidificar… e assim é que é bom… é para o nosso próprio bem… que raiva…

Por falar em jornalistas… e que tal o nosso amigo jornalista-faz-tudo? Luís Delgado… ele é Diário Digital, comentador na SIC Notícias, colunas de opinião em jornais, ele é LUSA.. ele é o presidente do clube de fans do Santana Lopes… e agora… como é? Grupo PT/Lusomundo Média? Bem, o sujeito é tudo o que eu quero ser quando me deixar de merdas líricas… ah, e não se esqueçam que também é jornalista….

Mas o melhor é mesmo deixar falar o mestre, ele explica:

Os censores de serviço
Luís Delgado

Ele há mistérios, indecifráveis, que se revelam em momentos de agitação. Então não é que os censores de serviço de anteriores encarnações políticas, tanto no PSD de Cavaco, como no PS de Guterres, e que zelavam febrilmente pelo alinhamentos dos telejornais, e colocavam incompetentes descarados em tudo o que era orgão de comunicação, estão agora preocupados com a situação de Marcelo Rebelo de Sousa? E com a liberdade de expressão? E com empresas privadas e grupos de comunicação?

Eles têm lata, muita, e nunca a perderão. Uns pela sua natureza conspirativa, que só se ergue e reaparece para ganhar uma quota de mercado contra os seus próprios partidos – porque é que são militantes? – e outros, mais no caso patológico de Arons de Carvalho, que nunca ninguém percebeu, nem perceberá, tal o brilhantismo que inspira, como é que alguma vez chegou a deputado, com que qualificações, e por que carga de água. (A propósito, dr. Arons: vá dar uma volta, mas faço-o com alguma consistência. É este o novo PS de Sócrates, com estas figuras que se deviam esconder, tal foi o mal e a trapalhada que fizeram nas áreas que tutelaram?) Será que um Pacheco ou um Arons, quando dizem o que disseram, nunca perceberam que estão a ofender e a qualificar de mentecaptos e incapazes, centenas e centenas de jornalistas, que afinal se deixariam manipular, pressionar e vergar às ordens de um qualquer administrador ou director? Não percebem que isso é um insulto grave? E os jornalistas, igualmente, também ainda não entenderam que estão a ser humilhados.

E já agora: a censura só existe na cabeça dos que a já fizeram e sabem como se faz, e numa democracia com milhares de jornalistas, centenas de orgãos de Informação, sindicatos, Parlamento, Governo e Presidente da República seria obra digna de manual. Mais: tão estúpido seria este Governo, e este PM, que num dia mandava um ministro dizer uma coisa, e no dia seguinte pressionava uma demissão. Era preciso ser «burro», convenhamos. E isso não é uma característica deste PM, mas sim de alguns que agora vociferam contra ele. É Portugal às avessas.

Diário Digital 07-10-2004 21:23:15

quinta-feira, outubro 07, 2004

JORNAL NACIONAL

POLITICA NACIONAL
Accionistas de estação de televisão preocupados com actuação de José Castelo do Bode.~
Candidato à presidência de câmara municipal e actual presidente de outra demonstra que as suas aptidões não se esgotam nos pontapés em estádios de futebol.
"também sei dar à manivela" - disse.

POLITICA INTERNACIONAL
Eleições Americanas ensombradas pela proximidade com a Madeira.

SUPLEMENTO DE ECONOMIA
Após o inicio, algo tardio, do período escolar, disparou a venda dos lápis azuis. Fontes ligadas à Presidência do Conselho declarou que é perfeitamente normal este tipo de aquisição se considerarmos a quantidade de artigos de opinião que necessitam de riscos.
Encontra-se à venda o "O Mundo a seus pés" de Orson Welles.
Ministro da defesa não comenta.

GRANDE ENTREVISTA
Censurada.

COMENTÁRIO POLITICO





Não temos qualquer comentário
Gabinete de comunicação

FALAR PORTUGUES
Paradoxo - do Lat. paradoxon < Gr. parádoxon < pará, contrário + doxa, opinião s. m., opinião contrária ao sentir comum; contradição ou contra-senso, pelo menos aparente; asneira, desconchavo.
p.e. "Este Governo é democrático".

DOSSIER CIÊNCIA VIVA
A teoria dos opostos tenta explicar a realidade ao afirmar que nada existe sem o seu oposto, senão vejamos: "cima / baixo"; "frente / verso"; "verdade / mentira "- só faz sentido a existência de um pela existência do seu contrário.
Exemplos como este são facilmente percepcionáveis em nosso redor, tudo o que existe deve-se ao seu oposto. Até a política serve de exemplo - "Este governo / democracia"
Para a próxima semana publicaremos a teoria de rejeição ou a manipulação dos fantoches.

quarta-feira, outubro 06, 2004

CENSURA

Não sei se algum de vocês ainda se recorda do tema do ultimo encontro/tertulia deste pasquim. Se recordam, pelo menos parte desse debate nunca esteve tanto na agenda como hoje.
Refiro-me ,como é óbvio, à censura (que nos dias que correm já deve ter outro nome).
Pois é verdade (embora até da palavra “verdade” eu já duvidar) depois da criação de um gabinete de comunicação começaram a exteriorizar/revelar os métodos a utilizar.
1 – só se aceita a demagogia;
2 – tudo o que “nós” dizemos é que é a “verdadeira verdade”;
3 – todas as criticas são mentiras;
4 - se as criticas persistirem silenciam-se;
5 –
6 –
...
10 – o inimigo unico...

Volta António Ferro...

Já temos as homenagens à D. Amália,já temos o futebol, já falamos de fátima em todo o mundo, temos quintas recheadas de bichos(as), temos aprendizes de cantor, temos programas de nome próprio, temos novelas juridicas mais longas que as brasileiras, temos de tudo. Então se temos tudo como é admissivel que apareçam alguns energumenos a criticar o Governo? Malandros? Como é possivel? Se o Governo ainda não fez nada como é que alguém o critica. Já não há vergonha. Ainda bem que calaram esses arruaceiros. Por acaso acham que é fácil governar? "Falam, falam, falam mas não fazem nada. Calem-se. Queria-vos ver a colocar professores, ó vocês pensam que perceber os computades é fácil? E depois admiram-se que eles se reformem cedo. Vocês tratam-nos mal. Plebe ranhosa. Toca a pagar portagens. Pimba. E ai de vocês que se tornem a portar mal. Ai.Ai...
(Alguém que me dê um tiro na cabeça)


F.Marinho

Post Scriptum – Neste post existe um local para comentários livre de censura.

Heterónimo

[Diz-se das palavras diferentes que exprimem a mesma coisa] Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora

Passam a conhecer-me pelo nome do meu herói de infância... apresento o Calimero... os motivos agora não interessam...

segunda-feira, outubro 04, 2004

CIDADANIA

Critica?

Critica jornalística?
Que tal?
Eu sei que o dia não é o mais propicio a propostas (deste tipo), mas como vocês sabem o "cota" tem destas coisas.
Bem deixemo-nos de tretas.
A minha proposta é de utilizarmos este meio para procedermos à critica jornalística (tão em falta neste pequeno condado), do tipo semana temática (P.e. uma semana dedicada a um jornal, revista, etc…).
Vamos à discrição da proposta:
Começo (assim o achem correcto) na próxima semana com o jornal diário "Publico", ou qualquer outro que achem adequado;
Cada um dos "cientistas" da comunicação deste pasquim escolhe e comenta/critica um artigo/noticia (à escolha) do jornal "eleito" da semana.

Aguardo os vossos comentários

Saudações académicas.

sábado, outubro 02, 2004

Clipping...


O Sexo sem complexos
[segundo Lorena Berdún]

Jornal PÚBLICO, por Ricardo Dias Felner - Sábado, 02 de Outubro de 2004


Quando se trata de "aprender a fazer sexo" a maioria das pessoas mostra alguma resistência e reage de uma de três maneiras: há quem diga que já sabe tudo, há quem diga que isso só se aprende fazendo, e há quem diga que isso não se aprende, sente-se.

Há, no entanto, várias evidências que contrariam este verberado desinteresse pela instrução sexual: provam-no, nomeadamente, as audiências dos filmes pornográficos, as vendas da revista "Maria", e o sucesso dos consultórios sexuais e das rubricas do género "10 truques com a língua para ele não a deixar".

O fenómeno não é negativo, por si, se se distinguir a ficção da realidade. Mas, parece-me que seria positivo que houvesse em Portugal um grande sexólogo de massas, mais sofisticado e rigoroso: uma coisa que fizesse a ponte entre o desbragamento de um "Gostas Pouco Gostas" e o cientismo "blazé" de Júlio Machado Vaz; algo entre as demonstrações impressivas do canal 18, o surrealismo da "Maria" e o aborrecimento da sexologia e da psicologia sentada no sofá.

Em Espanha já existe, com grande êxito. "Me lo dices me lo cuentas", assim se chama o célebre programa da Telemadrid, a passar também no Canal Sur, é um "talk show" singular, onde brilha a jovem e voluptuosa sexóloga Lorena Berdún.

O segredo do sucesso está precisamente na mestria da apresentadora - agora transferida para a TVE, para fazer um programa semelhante - em promover o aconselhamento sexual sem complexos, conseguindo simultaneamente entreter e fazer a pedagogia do sexo. Num dos programas que vi, Lorena ensinava, por exemplo, com grande teatralidade e competência, como identificar o ponto G nas mulheres e... nos homens.

Felizes, estes espanhóis.

Remodelação do blogue

Não sei se gostam desta mudança de visual… o negro estava a ficar muito deprimente… quanto a links, enviem as vossas sugestões… de sites de interesse ou de blogues simpáticos, atraentes e curiosos… eu prometo ir actualizando a lista.

BFS

Encruzilhadas


Esta foto é da autoria de Vitor Melo e foi
extraída do site 1000 Imagens



Eu sei que este texto é muito grande e também sei que é difícil ler no ecrã de um computador…

Não Francisco, não se trata de um desafio de aferição de tamanhos… o que isso possa significar… não sei se o acham extenso, eu acho-o lindo…




Mora-me um poeta
Que tento esconder,
A ver
Se poderei ser
Como toda a gente.

Abri os meus alçapões,
E no último desvão
O fechei a pão e água,
Com grilhões,
E uma corrente...
(... a ver se poderei ser
Como toda a gente).

Depois, saí para a rua,
Todo aprumado,
Escovado,
Dado a ferro,
Satisfeito:
Porque em verdade, julgava
Que a multidão que girava
Pensava
De mim
Assim:

- "Ali vai um homem
Tão decentemente
Que, naturalmente,
Nada deve ter
Que nos esconder..."

Delirantemente,
De mim para mim,
Eu pensava assim:

- " Ser como essa gente!
Ser bem menos gente!
Ser mais toda-a-gente
Que toda essa gente!"

Sim,
Raivosamente,
Eu pensava assim.

... Tanto mais raivosamente
Quanto, dos longes de mim,
Do fim
Do derradeiro alçapão,
O Poeta emparedado,
Esfaimado,
Encadeado,
Cantava a sua prisão:

- " Se aqui me fecharam,
Foi porque não posso
Debulhar o osso
Que me arremessaram...

Foi porque os desperto,
De noite e de dia,
Com a chama fria
Do meu gládio aberto...

Foi porque a pobreza
Que fiz meu tesoiro
Tem muito mais oiro
Que a sua riqueza...

Foi porque horas mortas,
Indo no caminho,
Lhes bati às portas,
Mas segui sozinho..."

Eu pensava:

- " Sim, realmente,
Se te fechei, foi a ver
Se poderei ser
Como toda a gente..."

E baixinho,
Recolhido sobre mim
Como um bichinho-de-conta,
Eu cantava-lhe também,
Recolhido sobre mim,
Cantigas de adormentar:
Cousas de pai, ou de mãe,
Que cantam para embalar...

Assim:

- "Durma um soninho comprido
No seu bercinho deitado,
Que o papão foi enxotado,
E eu não deixo o meu querido...

Durma um soninho alongado,
No seu bercinho estendido,
Que eu não tiro do sentido
Velar o meu adorado..."

E assim, com tudo isto ao peito,
- Um doido e seu alçapão -
Eu seguia satisfeito:
Porque em verdade, julgava
Que a multidão que girava
Pensava
De mim
Assim:

- "Ali vai um homem
Tão decentemente
Que, naturalmente,
Nada deve ter
Que nos esconder..."

Como era que, de repente,
Nos olhos de quem passava
(Um qualquer)
Imaginava
Ver debruçar-se a acusar-me
Um colosso...,
Um poeta inofensivo
Com ferros nos tornozelos,
Nos pulsos,
E no pescoço?

Ai, campainhas de alarme
Sob dedos de outro mundo...!

E nem sei como
Transtornado até ao fundo
Dos meus alçapões recônditos,
Melodramaticamente,
Eu avançava
De braços todos abertos
Para o qualquer que passava.

Então,
Diante de mim, agora,
Qualquer, e não sem razão,
(Qualquer grosseirão)
Parava, ria,
Dizia
Que eu era doido varrido...

E, corrido,
Eu desatava a correr.

A multidão
Detinha-se para ver
Este senhor bem vestido,
Com bom ar e belos modos,
A fugir, como um perdido,
Ante o pasmo dos mais todos!

Sarcasta,
Bem lá do fundo
Do alçapão derradeiro,
O meu Cativo cantava
O timbre da sua casta:

- "Sou como um grito de alarme
Sobre as tuas sonolências.
Preencho as tuas ausências
Com a presença de Deus...

O som dos teus escarcéus,
Redu-lo a silêncio e a espanto
O murmúrio do meu canto
Nos teus ouvidos impuros...

Quero-te! e não são teus muros
Que hão-de impedir que te enlace,
E que te queime a boca e a face
Com meu ósculo de fogo...

Que trapaças de que jogo
Inventarás por vencer-me,
Se te rojas como um verme
Sem as asas que te hei sido?

E é de tal modo perdido
O afã de me combater,
Que é teu supremo vencer
Não vencer - mas ser vencido..."

... Cantava.
Mas eu, aos poucos,
Subjugava
Meus nervos loucos:
Retomava,
Da minha lista de cor,
Qualquer pomposa atitude...
Por exemplo: a de senhor
Fundador,
Ou benfeitor,
De associações de virtude.

E seguia
Com decência e autoridade,
Enquanto com desespero,
Com crueldade,
Com ódio,
Com soluços de paixão,
Gritava lá para dentro
Do derradeiro alçapão:

- "Não!...,
Não penses
Que te pode ouvir alguém!
Ouço-te eu; e mais ninguém!
Mas eu não te soltarei,
Nem deixarei
Que parem à tua porta.
Hei-de ter-te emparedado,
Carregado
De correntes;
E, por uma noite morta,
Hei-de entrar, como um ladrão,
E hei-de te cravar os dentes
No lugar do coração;
E hei-de te arrancar a língua;
E hei-de te queimar os olhos;
E hás-de ficar cego e mudo;
E assim,
À míngua
De tudo,
Te hei-de deixar
A agonizar por três dias...
Então,
Hei-de compor elegias
À tua morte:
Elegias académicas,
Sonoras,
Metafóricas,
Retóricas,
Feitas com todo o recorte,
Com toda a morfologia,
Com toda a fonologia,
Com toda a sabedoria
De versos caindo iguais,
Como um relógio a dar ais
À hora do meio-dia!
Depois, hei-de conservar
O teu coração escuro
Triturado
Por meus dentes,
Hei-de o conservar, pintado,
Retocado,
Envernizado,
Num frasco de cristal puro...

Para o mostrar às visitas,
Aos amigos e aos parentes."

Assim falando
Para dentro
Do subterrâneo nefando,
Ia andando
Com aspecto satisfeito,
E direito,
Bem seguro,
Sobretudo, consciente
De estar mesmo a ser, agora,
A parte de fora
(A cal do muro)
De toda a gente...

Assim entro em várias casas,
Através de várias ruas,
Parando ante várias montras,
Cumprimentando
Para um lado, para outro...

Até ficar
Numa qualquer sala
Onde estão sentados
Homens e mulheres
Com um ar de embalsamados.

Criados
Vêm e vão
Com bandejas
Sobre a mão.

Paira, como nas igrejas,
Um fumo de hipocrisia...

Enquanto
A um canto,
Com funda neurastenia,
Um piano faz ão-ão,
Faz ão-ão a toda a gente,
Como um pobre cão doente.

Logo,
Então,
Qualquer menina Marguerite
Me implora que lhes recite
A última produção.

Recuso-me,
Ela insiste,
Vou para o meio da sala,
Tudo se cala,
Sinto-me triste,
Falta-me a fala,
Falta-me a respiração,
E a suar de angústia, rouco,
Debuxando no ar gestos de louco,
Arranco, num grande esforço,
Estas palavras ao Outro...

Palavras
De todo o meu coração:

- "No silêncio total, contemplo-te. Morreu
A já póstuma luz dos astros mortos, no céu cavo.
Chegou a nossa hora! A realidade és tu e eu.
Contemplo-te, senhor!, eu, teu indigno escravo...

Os teus olhos serenos e cruéis
Despojam-me de toda a ornamentação:
E eu tremo, nu, sobre os meus tristes, preciosos ouropéis,
Nu - e coberto de confusão.

Lembro as minhas mãos vis, meus olhos lassos,
E a minha carne murcha, e o meu suor,
E os meus pés deformados, e as feridas dos meus braços...
Tem dó de mim!, belo senhor.

Continuas a olhar-me. Imperturbável,
O teu olhar transpõe minha nudez.
E, por mais que a teus pés eu me recolha, miserável,
A alma dói-me!, porque tu ma vês.

Como és assim cruel, sendo tão belo?
Tira de mim o teu olhar, que me tortura,
Macio e frio como o fio dum cutelo...
Poupa-me à tua formosura!

Ah, que martírio
Ter-te sempre tranquilo, grande, belo,
Posto em frente de mim, que sou delírio,
Ranger de dentes pouco sãos, riso amarelo...!

Vai-te da minha vista, meu amado!
Chama por mim o chão de que sou digno.
Deixa-me resignar-me! Estou cansado.
Só por pudor de ti me não resigno...

Deixa-me ir ver, lá em baixo, os saltimbancos,
Gozar o vil ballet que sobe à cena.
Deixa-me ir ocupar o meu lugar nos bancos,
Exibir o meu número na arena!

Deixa-me ser vulgar!
Pois se não posso ser o que tu és,
Por que assim me agarrar, e rastejar,
Como um grilhão, aos teus pés?

Triste impotente, em vão, dentro de mim, grito estes gritos:
Olho-te..., e quedo nu e mudo,
Porque os teus olhos nítidos e fitos
Se me antecipam a tudo.

E eu sei que não te irás, nem eu irei.
Pesa sobre nós dois a mesma condição:
Que eu nasci servo dos teus pés de rei;
Tu, pobre rei!, servo da minha servidão."

Calo-me, aflito.
Em roda,
Com um ar comprometido,
Dizem que sim, que é bonito.
Tangendo as pontas dos dedos,
Dão-me palmas
Com um meneio entendido
Das frontes estupefactas...
E a menina Marguerite,
Levantando as omoplatas,
Baixa, lânguida,
As pálpebras timoratas
Sobre a fímbria do vestido.

Ah!, eu sei!
Sei que ninguém compreeendeu,
Nem podia compreender,
O meu combate de amor:
Este diálogo entre mim e eu.

E arrumado para um canto,
Como o piano,
Gozo onanisticamente
A glória de ser vencido,
Gritando ao meu tal Demente
Lá no seu fundo escondido:

- "Venceste, porque és maior!
Porque tinhas de vencer!
Porque eu sou fraco,
Pois que te não posso ter
Calado no teu buraco!
Eu, afinal,
Sou uma triste mistura
De ousadia e cobardia.
Sou tu e eu...,
Sou banal!
Nem sou pele nem carne viva,
Não sei subjugar nenhum,
Padeço de alternativa,
Nunca me atinjo só um!"

...Enquanto ao lado, de esguelha,
Falando para um sujeito
Debruçado, como um cuco,
Sobre o seu ombro perfeito,
A dona de um alto peito
E duma boca vermelha
Diz:

- "Não parece antipático!
Não..., só maluco.
Talvez um pouco lunático..."

E eu, sentindo-me ridículo
Com o meu ar sorumbático,
Vou fechar-me num cubículo
Onde não haja ninguém,
E aonde a voz do Arcanjo preso
Lá dos fundos, alta, vem:

- "Por que me renegas, se eu é que sou Um,
E em te desdobrando, tu não és nenhum?

Por que me recusas, se não há batalha
Que, sem mim ganhada, possas crer que valha?

Por que deles todos me escondes aqui,
Se eu é que os sou todos, e te sou a ti?

Por que só exibes, sobre o teu portal,
Vis máscaras minhas...?"

José Régio, As Encruzilhadas de Deus