domingo, novembro 28, 2004

"Grave inversão dos valores da lealdade e verdade"



E vai mais um... o importante é manter a estabilidade governativa, daí a presidência da república não emitir um comentário...


Governo: Ministro da Juventude e Desporto alega falta de "lealdade e de verdade"

Lisboa, 28 Nov (Lusa) - O ministro da Juventude, Desporto e Reabilitação, Henrique Chaves, demitiu-se hoje do Governo acusando o primeiro-ministro, Santana Lopes, de falta "de lealdade e de verdade".

O pedido de demissão foi entregue cerca das 15:00, na residência oficial do primeiro-ministro, disse à Lusa fonte próxima do ministro.

Em Vila Real, Santana Lopes, confrontado pelos jornalistas com a demissão limitou-se a referir: "não vou fazer nenhum comentário".

Henrique Chaves tomou posse em Julho como ministro Adjunto com o XVI Governo Constitucional, liderado por Pedro Santana Lopes, tendo sido afastado do cargo na quarta-feira, numa mini-remodelação governamental em que passou a assumir a pasta da Juventude, Desporto e Reabilitação, áreas que já tutelava.

"Convidado para Ministro Adjunto, nunca me foi dada oportunidade de exercer qualquer função ao nível da coordenação do Governo, própria das funções inerentes a esta pasta", pode ler-se no comunicado entregue hoje na redacção da Agência Lusa.

O ministro demissionário acrescenta, ainda, que "estando as principais funções de Ministro Adjunto exclusivamente dependentes do Primeiro Ministro, só a este cabe a responsabilidade de conceder, ou não, as condições para o exercício desse cargo", o que, no seu caso, "nunca aconteceu".

Henrique Chaves, que não pretende de momento prestar mais declarações, responsabilizou, no referido comunicado, o primeiro- ministro pela sua demissão, acusando-o de "grave inversão dos valores da lealdade e verdade" e revelou já ter tido intenções de se demitir na altura da remodelação (quarta-feira).

No entanto, afirma ter cedido aos pedidos feitos em nome da "índole patriótica" e da "instabilidade interpretável como irregular funcionamento das instituições", bem como ter tido a garantia de que "a remodelação resultaria de uma pressão de véspera, alegadamente por quem, para tanto, tem poder institucional".

No comunicado, Henrique Chaves alega "dois factos novos" que levaram à decisão de se demitir: "em primeiro lugar, tenho hoje a certeza que o cenário que me foi apresentado como sendo de véspera à noite fora, afinal, delineado semanas antes . Em segundo lugar, um dia depois, foi-me comunicada a intenção, de se proceder à demissão de um outro ministro".

"Os dois factos referidos consubstanciam, para mim, o primeiro a constatação de que me faltaram à verdade, de uma forma muito grave, que não posso tolerar e com a qual não posso conviver, e o segundo, não só isso, mas também que, afinal, a saída de qualquer ministro não acarretaria, como consequência necessária, no contexto das pressões institucionais havidas, o irregular funcionamento das instituições", lê-se, ainda, no comunicado.

Na hora da saída, Henrique Chaves agradeceu aos seus dois secretários de Estado, Hermínio Loureiro e Pedro Duarte, que deveriam ter tomado posse no sábado e acabaram por não o fazer.

E o senhor Luís Delgado? O quem tem para comunicar aos portugueses?


Dezembro recatado?

Luís Delgado in Diário Digital

Dezembro, por tradição, é um mês de grande acalmia política, em que os portugueses estarão virados para si próprios, para as suas famílias, e para as festas de apaziguamento interior que o país bem precisa.

Será assim?

Esta e a próxima semana serão incaracterísticas, com dois feriados pelo meio, e entre as férias de Natal e Ano Novo e o encerramento da AR, tirando tudo o que é sempre inesperado, como agora a demissão de Henrique Chaves, o país vai descansar e preparar-se para um dos anos mais agitados dos últimos anos: teremos eleições, com campanha pura e dura, um Governo que sabe que viverá momentos críticos de afirmação, e «tiros» permanentes de todos os lados, contra isto e aquilo.

Venha o que vier, os portugueses precisam de um Dezembro calmo e tranquilo, recatado e sereno, sem agitações reais e artificiais, e esperançados que o novo ano será, contra os «alarmes» deslocados, positivo e optimista. Será?

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