quarta-feira, novembro 03, 2004

Ódio de estimação



Todos nós temos os nossos ódios de estimação. Não o neguem! Pessoas que simplesmente não suportamos… seja a sua presença física, cheiro, voz… ou mesmo as ideias preconizadas… eu tenho vários… Nuno Rogeiro por exemplo… não sei se é do corte de cabelo… a voz esganiçada… o ar “olhem-para-mim-que-eu-sou-tão-mas-mesmo-tão-bom-reparem-bem”… ou simplesmente o facto de ele ser perito em todos os campos… comenta a nova receita de pataniscas de bacalhau da tia Guilhermina… o funcionamento da placa principal do computador de um míssel intercontinental… os produtos de limpeza utilizados na limpeza dos sanitários do Pentágono… o tipo é tramado… ainda tem tempo para o seu escritório de advocacia e para as aulas na universidade… só pode ser hiperactivo…

Mas não é apenas com este senhor que implico… há outros… bem a bancada do PP, nem com a saída de um destro membro para o Turismo se safa… começando pelo seu substituto… Há outros… mas não vos vou aborrecer com a minha lista…

O jornalista… ok, sem adjectivo… Luís Delgado fazia até hoje parte do meu index… mas depois de ler a notícia que se segue, vi-me forçado a repensar a minha opinião… afinal o rapaz há 20 anos que defende a mesma opinião. Não é daqueles que muda facilmente… ao sabor da corrente de ar política… nada disso… é um dos indivíduos – um espécie em vias de extinção – que permanece fiel aos seus princípios… como eu estava equivocado… afinal é um típico self-made man… subiu até ao topo, num horário árduo das sete à meia noite… como jornalista ele deverá saber que a comunicação social funciona como memória do colectivo… as coisas ficam escritas… vamos ver se o rapaz prolonga este período de 20 anos de ideias firmes e hirtas…

Excerto de uma notícia da Visão (edição on-line) de hoje, no seguimento da visita forçada no meu novo amigo Luís Delgado à sala de inquisição da Alta Autoridade:

[...] Quanto à eventual interferência do Governo nas alterações na direcção do DN, Luís Delgado reiterou as declarações do presidente da PT, Miguel Horta e Costa, também hoje, perante a AACS, sublinhando a «isenção» da Lusomundo Media, e justificou as mudanças com a situação «difícil» que o jornal atravessa em termos financeiros e de estabilidade interna.

«Como é público e sabido, o DN está a atravessar uma fase - do ponto de vista das vendas, de circulação, de publicidade e de estabilidade interna - que não é de agora, difícil. E numa circunstância dessas qualquer administração teria de olhar para o DN com todo o cuidado e escolher a melhor decisão», disse.

«Mantemos o nosso grupo com a carta de princípios que temos. Não estamos sujeitos a pressões de ninguém, venham elas de onde vierem. Todas as decisões são baseadas em critérios de rigor, isenção, financeiros e económicos», salientou.

O ex-administrador executivo da Agência Lusa lamentou que as mudanças na direcção do jornal tenham coincidido com o chamado «caso Marcelo», com o qual «nem a Lusomundo, nenhum órgão de comunicação social, nem nenhum jornalista tem a ver».

Sobre eventuais pressões do Governo neste caso ou tentativas de controlo da imprensa, Luís Delgado defendeu que «é completamente impossível no país que temos alguma vez alguém ter a ideia de que pode controlar alguém».

Luís Delgado foi também categórico quanto a eventuais pressões editoriais da PT sobre os meios de comunicação social da Lusomundo Media, declarando que estas não existem e que «não há forma de calar 700 jornalistas».

O administrador da Lusomundo Media adiantou que não está «rigorosamente nada previsto» quanto a mudanças na direcção dos restantes órgãos de imprensa do grupo.

Luís Delgado sublinhou a sua independência face ao poder político, lembrando que escreve as mesmas ideias «há vinte anos».

«Defendo as minhas opiniões, não posso é ser condenado por delito de opinião, como não pode ninguém em Portugal. As minhas posições são de consciência cívica», frisou.

Bem haja!!! Obrigado por existires!

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