Depois de goradas as expectativas em relação ao Iraque
Comandos portugueses vão para Timor-Leste em Janeiro
Helena Pereira - Público
Os comandos vão voltar à acção. Depois de goradas as expectativas de serem enviados para o Iraque, os homens treinados nesta especialidade têm agora guia de marcha para Timor-Leste, em Janeiro. Uma companhia, cerca de cem homens, irá integrar o batalhão da Brigada Ligeira de Intervenção. Todos encontram-se actualmente em treinos em Vila Real.
Segundo o Estado-Maior General das Forças Armadas, os planos são de enviar uma companhia de infantaria, uma de fuzileiros e a terceira de comandos, que actuarão no âmbito da UNMISET (United Nations Mission in Support of East Timor). Actualmente, Portugal tem em Timor 648 efectivos. Em Janeiro, e de acordo com o plano de redução da própria ONU, Portugal enviará menos cerca de 150 homens.
A formação de comandos foi interrompida em 1993 e só no ano passado é que foi reactivada. Na altura, o Governo decidiu juntar os comandos com os pára-quedistas, que transitaram da Força Aérea para o Exército, criando uma nova capacidade neste ramo. O regimento de comandos como unidade fechou, mantendo-se a especialidade.
Na última década, os defensores dos comandos, conseguiram convencer primeiro o Governo PS na sua fase final, e depois o PSD-CDS, que podia ter cancelado o levantamento desta força e não o fez, a concordar com a instrução de comandos. Recorde-se que foi o então ministro da Defesa, Fernando Nogueira, do Governo de Cavaco Silva, que assistiu ao fecho daquele regimento.
Os militares, com formação de comandos e outros defensores desta especialidade, defenderam sempre que esta era necessária dadas as suas especificidades. As operações especiais - actualmente, existe alguma rivalidade entre as operações especiais e os comandos por disputar missões semelhantes - actuam em grupos muito pequenos e constituídos por oficiais e sargentos. Os comandos funcionam em bloco e à base de soldados em que é preciso apenas um oficial para cinco grupos de homens. Nos primeiros meses, em que as Forças Armadas portuguesas intervieram em Timor, a situação de guerrilha deu mais força aos que no Exército lutavam pela reactivação desta especialidade.
O primeiro Chefe de Estado-Maior do Exército a fazer esta proposta foi o general Martins Barrento, mas foi só no tempo do general Silva Viegas que começou a formação. E foi também nessa altura que ficou decidido colocar os comandos perto de Lisboa, na serra da Carregueira. A sua formação foi iniciada no final de 2003. Actualmente, estão constituídas duas companhias.
Desde a guerra de África que os comandos não eram empregues no exterior. Os comandos, treinados para cenários de guerrilha, chegaram a estar em preparação para irem para o Iraque. Mas isto se o Governo tivesse chegado a entendimento com o Presidente da República. Como não houve mandato internacional para a operação no Iraque, Durão Barroso optou por uma força policial.
O coronel Matos Gomes, antigo capitão dos comandos na guerra de África, afirmou ontem ao PÚBLICO, por seu lado, que é uma "estreia auspiciosa" e que se trata de uma "decisão acertada" por parte do Governo. Segundo este militar, Timor-Leste "é o melhor teatro de operações onde podem iniciar o seu ressurgimento", pois trata-se de um "teatro de baixa intensidade", mas que permite actuar em zonas de floresta, como aquelas onde os comandos são treinados, mas também lhe exige contacto com as populações.
..::carlos galveias::..
sexta-feira, novembro 28, 2003
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