LEONOR FIGUEIREDO - DIÁRIO DE NOTÍCIAS
«Sobriedade para mim é não ter bebido uns copos»
A opção do Jornal Nacional ser de hora e meia vai continuar?
Vai continuar. Temos um fluxo de reportagens muito grande. E há uma apetência enorme pela informação. Confesso, queria o jornal mais pequeno. É muito cansativo.
Fisicamente, como chega ao fim?
Com sono. Há uma reacção física (abre a boca com sono). Só de começar a falar nisso...
Há quantos anos faz telejornais?
Comecei em 1988.
É muito diferente fazê-lo hoje?
É muito diferente fazer aqui e na RTP. Lá a informação rege-se por limites muito estritos.
Está a falar da actual RTP?
Da que conheci e da actual. Não consigo ver a informação da actual. Dar as coisas sem qualquer «desvio» que dê mais qualquer coisa à notícia... o embrulho é muito importante.
E a sobriedade no meio disto tudo?
Não me fale em sobriedade. Para mim é não ter bebido uns copos.
Não faz parte do seu vocabulário?
Só como antónimo de ébrio. Ou cinzentismo. Televisão é comunicação. As notícias são histórias do dia-a-dia, mais e menos relevantes, de gente anónima.
Quem vê o Jornal Nacional?
As classes A, B e C. Poucos velhos. Não sei a faixa dos novos. Temos tanto homens como mulheres.
Sobre a tabloidização do telejornal...
Não falamos da vida privada, não exploramos escândalos, nem sexo. Mas embrulhar uma história de forma apelativa é o que eu mais desejo que aconteça na redacção. Ter bons contadores de histórias.
Porque é que há umas duas semanas puseram no ar uma peça desfocada de um sujeito a masturbar-se?
O homem (pedófilo) de Torres Vedras? Sim, acho que se devia ter posto. Com aviso. E nós avisámos. Até metemos bolinha. Eram imagens para adultos que poderiam ser pedagógicas para crianças, devidamente explicadas. A polícia fora alertada, não fizeram absolutamente nada. É bom que certas pessoas sejam chocadas. Talvez comecem a lembrar-se do próximo. A nossa opinião pública vive adormecida.
Mas onde está o limite?
Está na verdade.
SOU A MAIOR DEFENSORA DOS MEUS 'INDIOZINHOS'...
Têm tido muitos processos?
Alguns. Mas temos uma Alta Autoridade muito imbecil.
O que lhes falta?
Gente com bom senso e sensibilidade.
E o que acha da actuação do ministro Morais Sarmento?
(com ironia) Acho que ele é excepcional. Fantástico desde que é tutor, mentor e protector da RTP.
O que lhe diz o projecto de A Dois?
Nada. Nem sei o que é aquilo.
O que poderá dar?
Não sei. E nem os próprios.
A pergunta previsível: como explica a discussão com o Sousa Tavares?
Estava sem auricular, a régie diz-me que estou a ultrapassar o tempo, tinha de acabar... foram nove minutos de discussão, mas o Miguel disse que ia fazer imensa audiência. Ele chateou-se, não gostou da interrupção. Fico a saber.
Como é a chefiar? Bruta? Carinhosa?
Quando percebo que há falta de vontade, até sou capaz de chamar nomes. Mas têm em mim a maior defensora da redacção. Os meus «indiozinhos»...
Além do Mário Crespo, a Manuela é a pivô mais antiga?
Então e o Henrique Garcia? Tem muito mais anos do que eu.
Sente-se pivô «fora de prazo»?
Completamente. Estou velha, cansada, devia estar na reforma. Mas olhe... você não me pode levar a sério! Nem eu me levo a sério. Eu sou uma caricatura de mim própria, exploro as minhas características ao máximo. Ponho bâton quase até às orelhas...
Já a vi a chorar e rir no telejornal...
Envolvo-me nas histórias. Há tempos ri imenso porque, a propósito de um cientista que prolongou a longevidade dos vermes (e depois estava para entrar uma peça sobre batatas e abóboras gigantes) eu disse que gostava de ser verme e o Pedro Pinto, que estava na régie, chama-me verme. Eu tentei conter-me mas não consegui.
Batatas e abóboras. A vossa informação é mais para o «povo que lavas no rio», ou não é?
Coitadinho, é o povo do Pedro Homem de Melo. Genuíno, que a Amália cantava e que precisa de ser distraído. Mas não é essa a nossa informação. Até parece que o DN não tem páginas para divertir as pessoas...
DEU PARA ENTENDER QUEM É QUE ESTÁ A SER ENTREVISTADO... POIS...
..::carlos galveias::..
sexta-feira, novembro 21, 2003
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