segunda-feira, novembro 24, 2003

Lá se vai um dos nossos "F"

Estudo conclui que aparições como a de Fátima são motivadas por impulsos exteriores

Lusa


Um estudo internacional divulgado hoje no Porto considera que as experiências religiosas extraordinárias como a de Fátima parecem estar ligadas a um estímulo do ambiente onde têm lugar, mais tarde interpretado em termos culturais pelos seus protagonistas.

O estudo, elaborado no âmbito do projecto MARIAN do Centro Transdisciplinar de Estudos da Consciência, da Universidade Fernando Pessoa, conta com a colaboração de 15 investigadores de diversas áreas científicas dos Estados Unidos e Europa, coordenados pelo professor universitário Joaquim Fernandes.

As conclusões do estudo vão ser publicadas em livro quarta-feira no Porto.

A iniciativa procurou analisar o tema das experiências religiosas extraordinárias, como a que os Três Pastorinhos viveram na Cova da Iria em 1917, e constatou que aparentemente existe um estímulo exterior provocado pela envolvente ambiental.

Para tal, o estudo procurou cruzar as conclusões das várias investigações, desenvolvidas em áreas como a psico e a neurofisiologia, psicoterapia, astrofísica, psiquiatria, diversos ramos da física, antropologia, medicina, informática e engenharia.

"Foi o primeiro trabalho de fôlego internacional que procurou explicar as experiências religiosas partindo do caso de Fátima e tentando ir mais longe, mostrando que nelas não existe apenas a dimensão espiritual e religiosa mas também outras", afirmou Joaquim Fernandes.

Uma das conclusões a que o estudo chega é que existem pontos comuns neste tipo de situações, como a proximidade de cursos de água, normalmente fontes, dos locais onde as experiências - nomeadamente aparições - ocorreram.

Foram ainda registados vários efeitos psicofisiológicos que podem ser medidos e avaliados no terreno. "Apercebemo-nos de que existe um impulso externo que interfere em algumas regiões do cérebro mais sensíveis, nomeadamente do hemisfério direito, que levam o beneficiário da experiência a interpretá-la de uma forma muito particular", disse Joaquim Fernandes.

Segundo o investigador, concluiu-se que cada protagonista da experiência adapta-a naturalmente à sua realidade social, cultural e religiosa - "daí que se as aparições de Fátima tivessem ocorrido no mundo muçulmano não teria sido possivelmente a Virgem Maria a aparecer mas alguma figura do universo islâmico", afirmou Joaquim Fernandes.

Os cientistas começam assim a acreditar que existe uma série de estímulos múltiplos exteriores ao beneficiário da aparição, "mas a chave da sua interpretação está no interior da própria pessoa".


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