terça-feira, dezembro 07, 2004

Duelo...

O duelo foi renhido… ao por do sol, com o hemiciclo da Assembleia da República como cenário e a votação do Orçamento Geral do estado para 2005 como pretexto, os até recentemente colegas comentadores, encontraram-se para o grande primeiro duelo da pré-campanha.

Estavam os dois muito bem… roupa cuidada, cabelo bem alinhado, barba feita… enfim, já preparados para o próprio funeral num caso de derrota.

As carpideiras também compareceram e começaram por animar o ambiente… Sócrates foi ajudado por Francisco Louçã que estava deveras inspirado, “despedido por justa causa: incompetência, senhor Primeiro-Ministro”.

Bernardino Soares do PCP congratulou Santana Lopes por ter “desanuviado o clima”.

Não sei se era beicinha ou um grande melão, mas Santana Lopes tinha a face transfigurada… a distribuição de armas para o duelo não lhe foi muito vantajosa. Depois de Sócrates ter enumerado todos os factos que contribuíram para o insucesso do Governo cessante, pouco mais havia para esgrimir, a não ser tornar as coisas mais pessoais. Foi aí que Santana relembrou os laços de amizade entre ambos. Não aceitou o papel de vítima, mas sim de conselheiro amigo. Afirma ter a certeza que Sócrates se irá lembrar dele na noite da derrota do PS nas adivinhadas eleições… o que isso possa significar…

Hoje já correram rumores que ligam Sócrates a poderes económicos, amanhã será ligado ao processo Casa Pia? Levantar-se-ão dúvidas quanto à sua orientação sexual? Não estou a lançar falsos testemunhos, apenas a realizar o exercício de antecipar a degradação do discurso que se avizinha.

Não sei bem o que dizer… fazer campanha eleitoral em plena votação do OE não me parece uma atitude muito construtiva, é aliás muito redutora para os portugueses que esses senhores governam.

Justificava-se a votação do OE? Seria preferível governar por duodécimos? Pois, eu também não sei. Mas talvez a questão merecesse um debate mais amplo… e ponderado… porque na verdade apenas foi votado um OE que será rectificado logo após as eleições… independentemente do partido – ou partidos, pois o tabu mantém-se – vencedor(es).

Creio que ainda não será desta vez que teremos a oportunidade de assistir à moralização da política. Antevejo uma campanha muito hipócrita e extremamente demagoga. Nada de anormal, apenas mais umas eleições.

Sócrates disse no entanto algo que me agradou, algo que poderá constituir uma luz… afirma que as políticas não deverão mudar cada vez que muda o governante… reparem na esperança que poderemos ter…

Não quero um herói! Quero um rumo para este país! Quero que ele tenha futuro… se não for possível… se ninguém se interessar… vou para o Terreiro do Paço saudar a armada espanhola… meu Deus, ao que eu cheguei…

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