quarta-feira, dezembro 29, 2004

Ainda vale a pena ler...

Alguns dos estimados leitores não gostam da técnica informática COPY/PASTE… confesso que eu também não… no entanto quando temos a oportunidade de passar os olhos por um conjunto de caracteres que perfazem um todo tão belo… é difícil resistir… como não tenho o livro em versão digital… o COPY/PASTE resulta do meu punho… a ideia é de um outro senhor… castelhano… de nome Carlos…

Se ainda existe alguém que venha a este blogue… as estatísticas indicam que cada vez são em menor número… eu rogo… enternecidamente… leiam A SOMBRA DO VENTO de Carlos Ruiz Zafón…

A minha opinião vale pouco… eu sei… não sou grande referência… nunca o fui… no entanto este livro é muito interessante… dou os meus parabéns a J. Teixeira de Aguilar… que eu espero não ser igualmente castelhano… nesse caso temos aqui um esplêndida retroversão…

Não sou detentor de títulos accionistas da Dom Quixote… nem tão pouco conheço o autor… o tradutor também me é completamente desconhecido… no entanto imploro aos meus amigos para lerem este livro…

Depois de ter lido o EQUADOR pensei ter encontrado o livro do ano… gosto da forma como Miguel Sousa Tavares escreve… confesso que fui transportado para a época de Eça de Queiroz… a sua forma descritiva é sublime… consegui rever o Ramalhete... muito semelhante ao grande mestre…

A SOMBRA DO VENTO está divinalmente escrito… dizem que Saramago tem contribuído para manter a língua portuguesa viva… puro engano… tentem ler este livro… olhem de “esguelha” para esta obra prima….

Reparem… (o contexto é secundário… estou na página 249)

“Passei quase toda a manhã a sonhar acordado na parte de trás da loja, conjurando imagens de Bea. Desenhava a sua pele nua sob as minhas mãos e julgava saborear novamente o seu hálito a pão doce. Surpreendia-me a recordar com precisão cartográfica as dobras do seu corpo, o brilho da minha saliva nos seus lábios e aquela linha de pêlo loiro, quase transparente, que lhe descia pelo ventre e à qual o meu amigo Fermín, com as suas improvisadas conferências sobre logística carnal, se referia como «o caminho de Jerez».

Consultei o relógio e verifiquei com horror que ainda faltavam várias horas até que a pudesse ver – e tocar – de novo em Bea. Experimentei ordenar os recibos do mês, mas o som dos maços de papel recordava-me o roçar da roupa interior a deslizar pelas ancas e pelas coxas pálidas de dona Beatriz Aguilar, irmã do meu amigo íntimo de infância.”


Deixem que vos diga uma coisa: quem nunca se sentiu assim, ainda não viveu… quem já o sentiu, nunca o encontrou tão bem descrito como neste excerto… digo eu… que disso nada entendo…

Desejo um bom ano novo a todos….

Não sei se alguém está interessado… mas no dia 8 tenho um jantar muito íntimo… vou ter um repasto com a nossa mais linda delegada de turma… não sei bem se ela se importa… mas da minha parte estão todos convidados…

Have Fun…

1 comentário:

Anónimo disse...

Caríssimo amigo,

não sei qual a sua margem (de erro), mas desde já lhe digo, que me sinto bastante tentada a seguir o seu conselho.

Muita saudade,

Elsa Soares