terça-feira, julho 27, 2004

Reflexão sobre o tema proposto para a primeira tertúlia da comunidade BLOG@UNI, O Fenómeno Bloguista e a Censura…

O tema proposto é muito ambicioso, mais, penso até que tem alguma história de bastidores que não foi convenientemente publicitada… apesar de esta ser uma grei de reputados comunicadores.

Na verdade trata-se de um tema aliciante, penso no entanto que a sua segunda parte – a questão da censura – acabará por merecer uma discussão mais fervorosa… veremos…

O fenómeno da censura sempre me fascinou… mas afinal o que é a censura?

 
Censura

Substantivo feminino

 
1. Condenação; crítica; reprovação social;

2. Exame crítico de obras, espectáculos ou publicações segundo critérios morais ou políticos e exercício do poder de autorizar ou não a sua exposição ou publicação;

3. Repreensão; admoestação;

4. PSICOLOGIA (psicanálise): recalcamento no inconsciente de elementos da vida psíquica considerados inaceitáveis pela sociedade;

5. RELIGIÃO: pena eclesiástica; censura teológica, juízo negativo pronunciado pela Igreja acerca de um ponto de doutrina teológica;

6. Tribunal encarregado de censurar;

7. POLÍTICA: moção de censura sanção dirigida à política de um governo e apresentada a uma assembleia para votação;

(Do lat. censúra-, «id.»)
 

Estão a ver? É por este motivo que a censura tanto fascínio exerce sobre a minha pobre existência.

Não, não está relacionada com política neste momento… apesar de hoje ter sido o dia das moções de rejeição… e das grandes opções politicas nacionais… (meu Deus)…

Vou tentar explicar-me melhor…

Começando pelo existencialismo, de que Satre foi um dos ilustres representantes, em que é advogado que a vida não é mais do que as somas das lutas do indivíduo com a sociedade. Como indivíduos somos forçados a tomar decisões, geralmente são decisões erradas, i. e., são prejudiciais para o próprio decisor. Para muitos pensadores desta corrente filosófica, a liberdade de escolha é sinónimo de infortúnio.

É a partir desta premissa que justificam a necessidade de existência de regras sociais, como uma tentativa de limitação de escolhas próprias. Por outras palavras, quanto mais estruturada e organizada a sociedade, mais funcional ela se torna. O indivíduo abdica do seu maior bem, a sua individualidade.

Não será necessário explicar muito mais para rapidamente concluirmos que esta forma de pensar apenas poderá tender para o desabrochar de uma sociedade autoritária… não admira que todos estes pensadores/filósofos foram partidários de regimes totalitaristas, como Satre em relação a Hitler e à União Soviética…

E agora – para quem está a ter a imensa paciência de ler até aqui – estou a chegar aquilo que pretendo defender…

A nossa sociedade está a atravessar uma crise de existencialismo… assiste-se a uma grande preocupação – muito hipócrita – de adopção de um comportamento socialmente correcto, ou, se preferirem, politicamente correcto.

Não sei se fizeram este exercício: tentar discutir a recente – actual – realidade política em Portugal. Na verdade assistimos a um episódio, no mínimo, de características feudais. A transição de poder entre os “homens bons”, no nosso caso foi mais entre os "homens hábeis".
O que eu me apercebi foi a resignação, a dúvida e uma grande indefinição. O grande número de pessoas prefere aguardar para tentar medir a temperatura da maioria, da opinião pública, como agora se diz. É tão fácil ter a mesma opinião da maioria das pessoas do meio social em que nos movimentamos. Aqui regressamos ao existencialismo: é preferível não fazer a escolha e aguardar as instruções de uma maioria.

Sendo assim, é perfeitamente aceite por esta sociedade que haja censura. Talvez não aquela dos antigos censores da PIDE de lápis vermelho, mas uma censura mais fácil de suportar… como a censura do direito a uma informação isenta e objectiva. Se nós não vamos decidir que motivo poderia justificar o acesso à informação. Nós não necessitamos de informação, apenas de entretenimento… para que o tempo passe de uma forma suportável…

Resumindo a censura existe e existe porque foi uma opção nossa… e como uma opção/decisão nossa é sempre uma opção/decisão errada… bem-haja o Prozac… e… fico por aqui – um pouco de auto-censura também é simpático e ajuda-me a enquadrar…

Apenas para terminar: neste espaço não deverá haver censura… nenhum de nós deverá ter receio de se masturbar intelectualmente, correndo o risco de ser censurado pelos restantes… penso que foi esse um dos fundamentos que esteve presente na génese deste espaço… MAIS: o blogues estam a revelar-se como um dos maiores bastiões anti-censura, será bom que assim o seja.

Meus amigos… sejam espíritos livres e… have fun

(Fico à espera para saber quem é que me vai censurar…)

1 comentário:

Anónimo disse...

A verdade é que alguém se queixa de lhe terem "apagado" o texto de comentário.

Esperemos pelas respostas.

Por mim as cavacas estão marcadas.

F.Marinho