Confesso que depois de ler esta entrevista me sinto muito melhor... até fui à procura da bandeira nacional, já estava arrumada à espera de dias que lhe fossem dignos... coloquei-a a meia haste...
fútil
adjectivo 2 géneros
1. que tem pouco ou nenhum valor; insignificante; vão;
2. que dá muita importância a coisa inúteis, superficiais ou sem valor; leviano; frívolo; pouco profundo;
(Do lat. futìle-, «id.»)
ignóbil
adjectivo 2 géneros
desprovido de nobreza; que mostra baixeza moral; vil; desprezível; reles;
(Do lat. ignobìle-, «não nobre»)
embuste
substantivo masculino
mentira artificiosa; ardil; patranha; logro;
(Deriv. regr. de embusteiro)
falso
adjectivo
1. não verdadeiro;
2. mentiroso;
3. fingido; simulado;
4. desleal; traidor;
5. falsificado;
6. suposto; aparente;
7. que não assenta em bases sólidas;
substantivo masculino
1. indivíduo traiçoeiro;
2. aquilo que não é verdadeiro;
3. local oculto em edifício ou móvel, geralmente usado para guardar algo;
advérbio
Com falsidade;
bolso falso bolso feito no forro dos casacos;
em falso em vão;
(Do lat. falsu-, «id.»)
bobo [o ]
substantivo masculino
1. HISTÓRIA indivíduo, geralmente defeituoso e ridículo, que divertia os príncipes e os nobres com ditos chocarreiros, truanices e esgares;
2. figurado pessoa que pretende divertir os outros com ditos tolos e momices; bufão; truão;
adjectivo
1. parvo; estúpido;
2. Brasil pasmado;
(Do lat. balbu-, «gago», pelo cast. bobo, «tolo»)
inconsequente
adjectivo 2 géneros
1. que não é consequente;
2. que não revela sequência lógica; incoerente; contraditório;
3. irreflectido; imponderado;
4. que não tem consequências;
(Do lat. inconsequente-, «id.»)
desprezível
adjectivo 2 géneros
que merece desprezo; vil; miserável;
(De desprezar+-í-+-vel)
sórdido
adjectivo
1. sujo; imundo;
2. repugnante;
3. vil; torpe; baixo;
4. mesquinho;
(Do lat. sordìdu-, «id.»)
Estas são algumas das palavras que resultaram de um brainstrom olhando para esta carinha laroca...
Pedro Santana Lopes
O pai sempre lhe chamou Fernão Capelo Gaivota. Porque voa sozinho e não conhece o seu bando. Acutilante na política, Pedro Santana Lopes está sempre pronto para voar mais alto. Com a Máxima, planou sobre temas mais privados.
MÁXIMA, por Leonor Xavier
A travessia da Baixa de Lisboa até à Praça do Município é o deslumbramento da cidade der-ramada até ao rio. E a chegada aos Paços do Concelho, assento da Câmara Municipal, é a austeridade da instituição, com todos os sinais próprios de grandeza. A envergadura imensa das abóbadas, as portas, as janelas, os espelhos e ta-lhas douradas, o desenho da escadaria, as passadeiras e tapetes, o enquadramento dos móveis e assentos, sabiamente ordenados e oferecidos no Salão Nobre, para a espera de quem venha para ser recebido pelo presidente em audiência. Privada, neste caso.
Como organiza o seu tempo?
Os meus dias são mais compridos do que o normal. De manhã entro na Câmara às 10, 10 e meia, saio 12 horas depois. Muitas vezes janto à meia-noite. Ainda hoje saí de uma reunião na Câmara às nove e meia, tinha um jantar sentado, a que cheguei tarde. É tudo assim. A Câmara absorve nove décimos do meu tempo. Também há datas comemorativas, homenagens, sessões solenes. É difícil ser presidente da Câmara, as pessoas estão sempre a falar-me da Câmara, muitas vezes é a vida delas que está em causa. Adorava poder sair, estar descansado. Quando tenho um sábado livre, estou todo o dia quase inanimado, a olhar pela janela, a ouvir música, a esticar as pernas. É um bem raro não ter nada na agenda. O tempo interior é o que me faz mais falta.
E a sua vida privada?
Apesar desta pressão, tenho, de alguma forma, uma vida própria. Os meus filhos passam comigo semana sim, semana não. Os três mais novos – o de 14 anos e os gémeos de 11 – vêm sempre juntos, estão ao mesmo tempo. Nesses dias tomamos o pequeno-almoço, e aos fins-de-semana, temos o almoço de domingo. Muitas vezes também janto com eles ao sábado. Todos sabem que é assim, semana sim, semana não. Pelo menos, estamos juntos, em família.
E enquanto viveu na Figueira da Foz, como presidente da Câmara?
Foram quatro anos duros.
Como conseguiu chegar a este equilíbrio?
Tenho sorte, tudo se entende bem, até as mães se entendem bem entre si. Os irmãos mais velhos, de 23 e 20 anos, já ajudam a tomar conta dos mais novos, a levá-los e a trazê-los de festas aos fins-de-semana. Nos estudos, estão bem, graças a Deus. Uns melhor que os outros, mas vão passando. O grande mérito é ter cinco filhos muito unidos, como se vivessem sempre juntos. Os dois mais velhos, de mães diferentes, sempre cresceram um com o outro. É muito bonito vê-los os dois, saber que quase todos os dias combinam coisas, a ligação que têm é extraordinária. Se um deles tem piores notas, o outro explica, justifica-o. Quando todos se encontram, os mais novos saltam para o colo dos mais velhos. Somos uma família cigana.
E uma família grande?
O meu pai tem 13 netos, a mais nova chama-se Maria do Mar. Adoro esse nome. A minha irmã mais nova teve-a há um ano.
Foi influenciado por essa matriz?
A matriz da família era o matriarcado. O pai tem desempenhado o papel de chefe de família, sempre falou pouco mas bem. A mãe era a secretária-geral da família. No Natal, sentimos muito a falta dela. Passámos em casa do meu segundo irmão. Ele é como a mãe, gosta de receber e organizar.
A família é o espaço de liberdade?
Cada vez mais. Mesmo com as pessoas com quem trabalho, estabeleço essa relação. Quando me zango, digo-lhes que só nos zangamos com as pessoas de quem gostamos.
Sem correr o risco de magoá-las?
Quando as pessoas não respeitam aquilo que os outros sentem, falta-lhes porem-se no lugar do outro. Esse é um exercício que faço há muito tempo. O meu pai exigia-nos que o fizéssemos, dizia que é bom, para sabermos compreender a diferença.
A sua experiência como secretário de Estado da Cultura foi especial?
A Cultura deu-me muito. Depois daquele tempo, passei a sentir que não há no Governo nenhuma pasta mais bonita, por tudo, quase não é preciso explicar porquê. Pelo que se vê e a que se tem acesso, pelas pessoas que se conhece. No Teatro La Fenice, estive com Jorge Semprun, com Jacques Lang. Tive o privilégio de conhecer Maria Helena Vieira da Silva, de tomar chá com ela em Paris. Quando foi o enterro, pensei que vivia à espera de ir ter com o Arpad [Szenes]. Eles viveram a paz que o amor dá, que raramente dá. Ainda agora recebi de Agustina [Bessa-Luís] o livro Sebastião José, com uma dedicatória em que ela me diz, a propósito de tudo o que perdura, que tem de ter amor e alguma dimensão trágica.
Além da Agustina, que gosta muito de si, há alguém que admire, de quem queira falar?
Sim, há uma pessoa, o padre Armindo Garcia, prior de Santo António do Estoril, que esteve no Seminário de Caparide e que é um amigo e um confidente, meu confessor de sempre. A sua convicção de fé é impressionante, é uma fé quase absoluta, que ele vive com uma tranquilidade imensa. Sou um homem de fé, mas não tenho essa serenidade. Para mim, a fé tem de ter algo de racional. A dele é uma convicção na alma, a minha é assente na razão. Sobre a Agustina, é uma pessoa como eu não sei dizer. É uma surpresa permanente. Como nas caixas chinesas, em que há sempre mais uma, a Agustina tem sempre algo a dizer que surpreende. Fomos à China numa visita oficial, as coisas que disse em Chian foram engraçadíssimas. “Tenho de ir comprar um presente, mas ainda não encontrei nada de que não goste” – o presente era para alguém de quem ela não gostava. Entrámos num carro, estava muito calor, perguntou se o carro não tinha ar condicionado. Não tinha. “Deve ser a única coisa não condicionada na China”, disse logo.
Sendo divorciado, em alguma circunstância sofre por isso?
Não é fácil para uma pessoa divorciada pertencer à Igreja Católica. Sou católico de formação, respeito a Igreja e penso que os assuntos de família não se discutem em público, por isso nunca a critiquei pelas suas posições em relação aos divorciados. Mas confesso que nos sentimos proscritos. Como se pode condenar alguém por amar ou deixar de amar? A mensagem de Cristo é o amor, o amor é a coisa mais bonita do mundo.
A nossa sociedade é hipócrita?
Não gosto de falar das sociedades como um todo. Apesar de tudo, as pessoas são todas diferentes umas das outras. O facto de exercer estas funções tem-me feito descobrir algumas características da natureza humana. A sinceridade é um bem escasso e uma virtude rara. Habituei-me a ler nos olhos. E quando vejo que a expressão de uma boca coincide com a dos olhos, fico bem.
Costuma aceitar os convites para jantares, festas?
Cada vez mais pergunto quem vai.
Gosta do lado prazeroso da vida.
Temos direito à alegria, a lutar por ser felizes. Nunca respondi que sou feliz porque a felicidade é um bem que nos foge das mãos. O bem maior é a serenidade. Claro que, se pudermos ter paz, esse é um bem maior. A paz tem a ver com o trabalho, a realização, o amor. E com a liberdade. A Sophia [de Mello Breyner] tem poemas lindos sobre isso. O pai sempre me chamou Fernão Capelo Gaivota, eu voo sozinho, não sei o meu bando.
O que pensa da participação das mulheres na vida portuguesa?
Sou quase precursor na política. Tenho muitas mulheres a trabalhar comigo. De 10 mil funcionários na Câmara Municipal de Lisboa, 3500 são mulheres. Na vereação, são cinco: nas Finanças, na Cultura, na Urbanização, na Juventude, na Acção Social. Isto acontece numa equipa de nove pessoas, contando comigo. Sempre foi assim. Não sou contra as quotas de mulheres na Assembleia da República porque ainda há um desequilíbrio entre deputados homens e mulheres. Elas são grandes quadros. São perspicazes, determinadas, têm uma intuição fabulosa para a política. A maior escola de política é ver as mulheres a lidarem umas com as outras. Elas estudam bem a rival, a adversária, a companheira, isso é uma virtude. A mulher sabe o momento de ganhar.
Para além da política, qual é a sua relação com as mulheres?
Eu não saberia viver sem as mulheres. Hoje te-nho mais amigas do que amigos. Até aos 30 e tal anos, achava que uma amizade forte acabava sempre em algo mais. Entre uma mulher e um homem que gostam um do outro, não é fácil descobrir a barreira entre a amizade e o amor.
Hoje vive sozinho.
Aprendi. Já não sei se seria capaz de mudar, de viver com alguém.
Como pensa o futuro?
A paz preocupa-me. Como vai ser o mundo? Sou um optimista, mas pergunto: como é que os meus filhos vão conseguir realizar-se na vida? No dia-a-dia, preocupa-me o que decidi fazer, o ser capaz de fazer aquilo que disse que ia fazer. Preocupa-me como vou ser capaz de não perder tempo para ajudar a resolver os problemas dos que dependem de mim lá fora e que estão a sofrer. Preocupa-me muito não perder tempo, em tudo na vida.
sábado, julho 10, 2004
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário