..."Passando sobre a descrição de alguns produtos ou equipamentos identificando-os como exemplos da vanguarda tecnológica e que, em boa verdade, hoje em dia já fazem parte do comum da vida, inclusive, alguns já se preparam para irem ocupar o seu lugar nas prateleiras da História, convivemos com a apresentação das variantes de mundo cyber – cafés, compras, política, guerra, medicina, igreja, imprensa, música, arte e literatura -, espaços entretanto ultrapassados na escala de importância ou "empurrados" por aqueles que privilegiam o prefixo "e-" (de electronic), bem mais passíveis de rentabilidade, como é o caso do e-business, o e-procurement, o e-employement, enfim o e-tudo e do e-etc..
Mas que destino é reservado ao ser humano por toda esta parafernália tecnológica e caminhos virtuais, abertos num encadeado de "links" sem retorno nem mapa com destino marcado?. Será o humano a conduzir este processo?. Ou será o próprio processo a modelar, condicionar, formatar a conduta do ser humano?.
A Ciência não foi capaz per si de desembaraçar o Homem de todos os seus defeitos, a tecnologia mais espantosa não é capaz de transformar a natureza humana. A todos os benefícios que a Net trouxe para o quotidiano do ser humano o Homem foi capaz de os influenciar negativamente, deturpando a utilização de um espaço aberto e não condicionado a censuras prévias.
Assim, o cyberensino, ou e-learning transforma-se num terreno dúbio, movediço até, trazendo à superfície defeitos profundos, como o plágio, os trabalhos mistos de um atamancar sistemático de teses que já há muito largaram o prelo. A não presença física do aluno proporciona o anonimato de quem toma os comandos dos vários teclados que se ligam a um curso, a um mestrado ou outra qualquer acção pedagógica."...
in Tertúlia "O Fenómeno Bloguista e a Censura", Caldas da Rainha - 09/2004.
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