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Céus de vulcão
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A floresta respira enxofre
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Raizes à flor da terra
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Foi ontem e já tenho saudades ...
Já todos se esqueceram!
Boxing Day
Traditional English holiday extends Christmas giving
Despite its name, Boxing Day, which is celebrated on December 26 in Great Britain, has nothing to do with pugilistic competition. Nor is it a day for people to return unwanted Christmas presents. While the exact origins of the holiday are obscure, it is likely that Boxing Day began in England during the Middle Ages.
Some historians say the holiday developed because servants were required to work on Christmas Day, but took the following day off. As servants prepared to leave to visit their families, their employers would present them with gift boxes.
Church Alms Boxes
Another theory is that the boxes placed in churches where parishioners deposited coins for the poor were opened and the contents distributed on December 26, which is also the Feast of St. Stephen.
As time went by, Boxing Day gift giving expanded to include those who had rendered a service during the previous year. This tradition survives today as people give presents to tradesmen, mail carriers, doormen, porters, and others who have helped them.
A época natalícia assume para alguns de nós proporções catastróficas… basta ler alguns posts publicados nos mais respeitados blogues… neste, por exemplo.
Tenho a certeza que os senhores doutores têm por estes dias uma sobrelotação nas suas chaise long… eu próprio ainda tenho um ticket no bolso… sou o 1024…
Mas também há consenso… não tem nada de religioso… já há muito que deixámos de acreditar no pai natal… o menino Jesus… esse já é um ressequiu na nossa memória colectiva… mesmo raspando, perdeu todo o seu significado…
Mas não é do Natal que pretendo falar…
Os privilegiados que hoje não foram trabalhar, ficaram nos sofás a assistir ao déjà vu [recomendo vivamente]… os fogos do verão, o aniversário do tsunami, as bombas no Iraque, o futebol da liga inglesa, a explosão em oleoduto nigeriano… e os doces ainda souberam melhor hoje… o açúcar começou a fazer o seu efeito…
Disse privilegiados porque… já todos o somos… reparem nos funcionários municipais do Porto… de repente… subitamente… o país começou a trabalhar a 26 de Dezembro…
Eu nunca trabalho a 26 de Dezembro… agora só depois do Entrudo… seria descabido… tantos feriados próximos…
Gosto passear pela cidade no dia 26… todos exibem as suas roupas novas… os casacos… as calças… as camisolas… os mais distraídos revelam um pouco das suas peúgas e cuecas… outros ostentam jóias e relógios…
A cidade fica muito mais bonita no dia 26… aliás, recomendo que se passe a festejar apenas o dia 26… o Boxing Day… porque um dia destes viveremos todos de uma e numa grande caixa de esmolas…
See U… after the boxing day… and remember Saint Stephen
Não sou Stephen… mas até um dia destes…
Carlos Galveias
Este verão tive a oportunidade de fazer uma viagem pela minha terra...
"Não: plantai batatas, ó geração de vapor e de pó de pedra, macadamizai estradas, fazeis caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, estas horas contadas de uma vida toda material, maçuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente do que a que hoje vivemos.
Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai.
No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana?
Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos.
E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?"
Almeida Garrett, em Viagens na minha Terra
São muitos os que afirmam que o tempo dos bloggers está findo... não discuto... parcialmente até concordo... mas sugem lufadas de ar fresco... ficamos a conhecer pessoas interessantes.
Deixo-vos o LINK para um blog que merece ser acompanhado... e comentado... espero que a Olga não se canse... pelo menos por mais um tempo...
Tenham todos um bom fim-de-semana [com mais ou menos futebol]...
ESTOU CANSADO
Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
Álvaro de Campos
Foto 1000 Imagens
(sim, não pedi autorização! Processem-me!)
--- ** ---
Alma Portuguesa
Entre as palavras pequenas
De grande significado
Com quatro letras apenas
Emerge a palavra fado !
O fado é toda a essência
É deste Povo a raiz...
O fado é por excelência
A canção do meu País.
Nós temos fado na alma
Um fado que a vida adoça
E ninguém nos leva a palma
Nesta canção que é tão nossa.
Nós veneramos o fado
Quase como uma doutrina
Porque tange algo sagrado
Que a nossa alma ilumina.
(Fado)... Fado somos todos nós...
Pelo mundo em qualquer lado
Há fado na nossa voz...
Mesmo sem cantar o fado !...
Fado é a expressão maior
Que traduz subtileza
É o nosso Embaixador....
Fado... É a alma portuguesa !...
Euclides Cavaco
[Não confundir com o Aníbal...]
Logo na primeira linha do livro diz-se que Impasses teria sido escrito “sem prazer”. Porquê?
É por certo um livro triste, que traduz uma decepção. Não provoca alegria intelectual analisar uma colecção de diferendos sem solução visível. Em geral escreve-se para mostrar que há escolhas e aberturas, cada livro de ideias é suposto trazer alguma coisa nova. Aqui tudo parece fechado. Dizemos também nesse prefácio que ficaríamos aliviados se as nossas conjecturas estivessem erradas.
Pois, se o não estão, a situação que descrevemos é então pelo menos problemática. Tentamos mostrar – com muitos outros – que o Ocidente, conceito que tem um sentido que definimos explicitamente, é alvo de uma “jihad” global actuando em muitas frentes, da finança internacional ao terrorismo. Os seus agentes são inúmeros e diversificados – Al-Qaeda é só o mais importante – e dispõe de uma reserva potencial de milhões de pessoas.
Ora, o Ocidente está dividido face a ele, e não parece saber o que quer: em primeiro lugar porque muitos governantes e intelectuais não admitem sequer a existência de um ataque, preferindo crer que uma política de bons ofícios conseguirá conter meros “riscos” sem realidade duradoura.
Quer-se acreditar que só os Estados Unidos e os seus aliados correm verdadeiro perigo e que no fundo a prioridade consiste em deles nos dissociarmos. A comparação com a atitude da Europa em relação a Hitler impõe-se por si mesma. O ressurgir, que se acelera, do anti-semitismo lembra também a Europa dos anos 30.
O Ocidente está também dividido dentro de si próprio: não é ainda motivo de alegria um leque de opiniões, da extrema-esquerda à direita fascista – Haider, Le Pen, etc. – com a sanha anti-americana por denominador comum. É um dos temas de Impasses, a propósito da guerra do Iraque.
Escolhemos tratá-lo num modo irónico. Mas a falsificação despudorada dos factos, o insulto e a desqualificação automática de quem pensa diferentemente, a precipitação dos juízos – sempre no mesmo sentido – as argumentações e as previsões delirantes, a vontade de crer no que conforta e de ignorar o que não convém – nada disto, de que damos dúzias de exemplos, dá vontade de rir. Porquê tal e tanta “má-fé”?
Não estamos certos de ter sabido responder. O conceito de má-fé e a sua “viscosidade”, que Sartre determinou admiravelmente, é o nosso principal instrumento crítico. Essa má-fé é sobretudo europeia e sul-americana – Não falando do mundo árabe e muçulmano.
Comparem-se os nossos “media” com jornais como o New York Times ou o International Herald Tribune , ambos hostis à administração americana e exprimindo muitas objecções à condução da guerra do Iraque. Só excepcionalmente se encontrará neles deformação dos factos ou menosprezo pelas pessoas. É possível defender uma posição sem sobranceria, discordar sem amesquinhar, criticar sem troçar e pretender intimidar.
O modo como questionam os chamados pensamentos únicos, quanto ao anti-americanismo, o anti-sionismo, o islamismo é bastante vivo...
Tudo isso “faz sistema” – é o que mostramos, desculpe remetê-lo para o livro, que se lê depressa. Não seria capaz de o resumir aqui. Tentámos descobrir o que subjaz aos comportamentos, assinalar a cegueira voluntária e as posturas da boa consciência que não são outras do que as da má-fé.
O livro não é de polémica mas toma partido pelo Ocidente e particularmente pelos Estados Unidos e por Israel. Mas isso não nos impede, claro está, de fazer as críticas que a política americana merece, quer se trate dos seus erros, no Iraque, quer, sobretudo, da sua política internacional em geral e do seu egoísmo comercial.
Precisamente: continua a considerar que a intervenção no Iraque era inevitável?
No que escrevemos sobre o Iraque, não nos pusemos na posição de estrategos que não somos, nem de previsionistas, que não queremos ser, nem sequer de observadores capazes de julgar acerca da política mundial, para o que nos falta competência. Quisemos simplesmente evidenciar, com a minúcia requerida, que perante o comportamento do Iraque tal como é historiado na resolução 1441 e no «Relatório Blix» – lidos por inteiro – havia todas as razões – digo bem, todas – para presumir que essas armas existiam, e que o ónus da prova da sua inexistência cabia ao Iraque.
O erro dos Estados Unidos, compreensível mas fatal, foi aceitar – indevidamente – a inversão do ónus e ter na prática feito como se lhes coubesse, a eles, provar que as armas existiam. O Iraque recusou-se a fornecer a prova que lhe era pedida – contudo fácil de produzir, parece, se as armas não existiam.
Isso bastava para motivar a guerra, tanto mais que o anúncio prévio de um veto pela França e pela Rússia acarretou uma autêntica suspensão do direito internacional da ONU. Acresce que os contactos entre a Al-Qaeda, desde o fim da I Guerra do Golfo, parecem hoje fora de dúvida. Sobre o pós-guerra, muito haveria a dizer e antes do mais que a “reconstrução” do Iraque é de facto uma construção. Leia, por exemplo, «The Economist» de 1 de Novembro, vale a pena.
Não saberá talvez que, entre vários – muitos – outros aspectos dessa construção – reparou que se deixou de falar da penúria, etc.? – Bassorá, dispõe hoje de um excedente de electricidade enquanto que antes da guerra não tinha mais que 2-4 horas diárias de luz. Quanto à situação militar, no momento em que conversamos ela é por certo péssima no centro do país – mas caberia analisar em pormenor porquê.
Convém, no entanto, lembrar que até ao momento em que falo, 16 de Novembro, a coligação perdeu 422 soldados. Entendo que é um sinal admirável que um número tão baixo seja já considerado insuportável: na guerra do Vietname morreram 60 mil americanos. Isso significa que – ao contrário da glória terrorista na morte – para a consciência ocidental dos nossos dias a vida humana não tem preço.
Não posso estender-me aqui a este respeito – deixe-me de novo remeter para o livro a propósito de Israel – nem ainda a respeito da falta de apoio internacional à coligação, que é um erro tragicamente míope, mesmo se se pensa que era preferível manter o regime de Saddam. Goste-se ou não de Bush, parece haver vantagem, é o menos que se pode dizer, em que todos contribuam sem reservas para o sucesso da democratização do Iraque.
Ou não?
Preferir-se-á o regresso de Saddam? Ou um regime islamista? Que pretendia a França quando, ainda há pouco, exigia a “transferência da soberania” em três meses?Estará em curso o tal “choque de civilizações”? Acha que o pensamento europeu está a ficar dominado por um novo niilismo?
O mais terrível aspecto desse niilismo é o Ocidente parecer fascinado pelo niilismo assassino do terrorismo. Não sei o que o “choque de civilizações” significa ao certo: o problema é antes que o Ocidente, ou uma sua parte, se vê cada vez menos a si próprio como uma civilização. (...)
Breve Biografia:
[Muecate/Moçambique, 1937 - Paris 2006]
Filósofo, ensaísta e professor universitário. Realizados os estudos liceais em Moçambique, e após permanência, durante um ano, na Universidade de Witwatersrand de Joanesburgo cursando Sociologia, muda-se para Lisboa onde se licencia em Direito.
Não chega, contudo, a concluir o estágio de advocacia, partindo para Paris em 1961. Aí licencia-se em Filosofia pela Universidade de Sorbonne (1961-64). No mesmo período e como aluno titular na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), prepara uma tese, que não conclui, sobre a obra de L. F. Céline, sob a direcção de Lucien Goldmann. Ainda nesse período, traduz para português obras de autores como Karl Jaspers, Romano Guardini, Cesare Pavese e M. Merleau-Ponty.
A partir de 1966, inicia na Universidade de Paris, e sob a orientação de Suzanne Bachelard, um doutoramento em Lógica, de que resulta a tese La Logique du Nom, publicada em França no ano de 1972. Entra nos corpos docentes da Faculdade de Letras de Lisboa em 1976, vindo em 1979 a integrar o Departamento de Filosofia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, então fundada.
É desde 1988 professor catedrático nessa Universidade. Em 1989, foi eleito directeur d'études (grau equivalente a professor catedrático) na EHESS. Além da docência nestas duas instituições, leccionou, como professor visitante, em várias universidades europeias e sul-americanas, designadamente nas Universidades de Porto Alegre e S. Paulo, integrando desde 1985 a direcção da Sociedad de Filosofia Iberoamericana. Com a publicação de Mimesis e Negação (1984) recebe o Prémio Ensaio do Pen Club, distinção que lhe será atribuída uma segunda vez com a publicação de Viagens do Olhar (1998).
No espaço de tempo que medeia a publicação destas duas obras, outras três, Provas (1988), Tratado da Evidência (1993) e Modos da Evidência (1998), permitem reconstituir um itinerário de investigações a vários níveis notável. Longe de se permitir uma redução da Filosofia, enquanto trabalho de investigação, ao seu estudo histórico, e sem sequer se filiar numa das vias de pensamento já disponíveis, o opus de Fernando Gil recorre tanto àquele como a estas, exibindo em ambos os casos um impressionante domínio, para lançar e desenvolver um projecto de investigação pleno de ambição e actualidade.
Primeiramente sob a égide do problema da prova, problema crucial da epistemologia, questiona-se sobre as condições de um conhecimento objectivo, da sua validade e universalidade (no essencial, procurando responder à pergunta pela verdade do que se sabe). A partir do Tratado da Evidência, a investigação centra-se num momento particular das preocupações epistemológicas até então desenvolvidas; em concreto, em vez de tematizar a prova, toma em atenção precisamente aquilo que a dispensa, a evidência, sem que se possa afirmar o contrário. E fá-lo introduzindo o conceito de "alucinação originária", uma hipótese forte que visa explicar o que seja a evidência.
Tanto Modos da Evidência como Viagens do Olhar procuram experimentar esta hipótese, com a diferença de a segunda destas obras, em co-autoria com Hélder Macedo, o fazer no campo da literatura portuguesa renascentista (com Os Lusíadas, Menina e Moça de Bernadim Ribeiro e a poesia de Sá de Miranda). O interesse e investigação da cultura e literatura portuguesas conduziu-o ao cargo de director do Centre d'Études Portugaises entre 1990 e 1997 e do Seminário Francisco Sanches desde 1992.
Além das obras individuais que assinou, dirigiu um conjunto de importantes obras colectivas (entre as quais, O Balanço do Século, 1990; Scientific and Philosophical Controversies, 1990; Philosophy in Portugal, a Profile, 1999; A Ciência tal Qual se Faz, 1999) e publicou para cima de 150 estudos, escritos em diferentes línguas, quer como artigos de revistas, quer como comunicações e apresentações a colóquios.
Fundou e dirigiu a revista Análise e integra os comités de redacção de diversas outras revistas e publicações, designadamente as encicliopédias Universalis, Britannica e Einaudi (sendo o coordenador dos quarenta volumes da edição portuguesa desta última).
Em virtude do seu mérito científico, internacionalmente reconhecido, foi agraciado, em 1992, com o grau de Grande Oficial da Ordem Infante D. Henrique, por proposta do presidente da República, Mário Soares, de quem foi aliás conselheiro especial. É também distinguido em 1993 com o Prémio Pessoa. O governo francês agraciou-o em 1995 com o título Chevalier da Ordem das Palmes Académiques. Finalmente, foi consagrado em 1998 doutor honoris causa pela Universidade de Aveiro.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. VI, Lisboa, 1999
Ramiro: “Afinal o que está combinado?”
Carla: “Pois não sei, estava distraída…”
Carlos: “Já dormia…”
Ramiro: “Grande porra! Mas ninguém prestou atenção?”
Elsa & Carla: “Nós estávamos a contar estrelas…”
Jaime: “Mas eu sei!”
Sofia: “Eu, também sei, mas não digo!”
Tiago & Cláudia (pensando): “Estes gajos estão a falar do quê?”
Jaime: “Estão todos com Alzheimer… só pode!”
Cláudia, Elsa, Carla e Empregado de Mesa: “Quê????”
Luís & Sofia: “É melhor alguém acabar com esta conversa da treta!”
Elsa (pensado): “Lá esteve este outra vez à porta da igreja para poder comer o bife. Ainda bem que não aparece lá por casa...”
Jaime: “É melhor acabar com isto…”
Tiago: “Ele agora vai dizer!”
Luís: “E nós queremos saber!”
Olga: “Diz, diz! Eu também quero ouvir!”
Sofia: “Será agora?”
Luís: “Não me distraias agora, bolas!”
Próximo fim-de-semana há jantar!!!
Agradecemos a participação a todos os actores convidados. Os nomes são inventados. Qualquer semelhança com personagens reais é pura coincidência.