Quando me sentei nos bancos laterais, rapidamente me apercebi dos invulgares vizinhos fronteiriços.
Com a cabeça encimada por uma rala pálida carapinha e com uma tez de ébano, rodava incessantemente um longo "terço" de madeira em mãos grandes e calejadas enquanto, com as pálpebras cerradas, os seus lábios se moviam em rezas silenciosas ao ritmo simultâneo das contas de madeira.
De pé, a um canto da carruagem, uma talvez jovem senhora coberta por vestes longas que impediam o vislumbre de um qualquer pedaço de pele, viajava de tal forma imóvel que se confundia com a própria composição. À sua frente, com os olhos rasgados, um outro jovem murmurava, no seu asiaticismo, uma qualquer história pessoal ao seu parceiro de cadeira com a cabeça envolta num turbante colorido.
Repentinamente dei por mim a questionar as influencias divinas e o seu papel no nosso destino. E foi a pensar no controlo do destino, envolto nesta miscelânea cultural, que compreendi, no meu papel de muzungo, que a existir deus, naquele momento, ele era o maquinista.
Quando o comboio parou saímos todos no mesmo destino.
F.Marinho
segunda-feira, março 01, 2004
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