sábado, junho 17, 2006

Convocatória

Foto: Frankfurt am Main [Alemanha] - Lusa


Os orgasmos durante os preliminares mundiais entusiasmaram-me… aproveitando a “deixa” do Ramiro [e a pedido de outras famílias], resolvi encarnar o mister Scolari, convocando-vos para um almoço no próximo sábado, dia 8 de Julho, em Lisboa.

Ponto de encontro: Largo Camões, pelas 11.30 horas.

Não é necessário confirmar a presença… quem estiver joga… os restantes ficam na bancada...

Quanto à questão futebolística… espero que os rapazes na Alemanha não façam os 10 milhões que ficaram em terras lusas sofrer de ejaculação precoce… com tantas buzinas já roucas depois de dois jogos…

Foto: Covilhã [Portugal] - CGalveias

sexta-feira, junho 16, 2006

Mais uma noite que perderam...

Foz do Arelho by night - 15 Junho '06 - Foto: C Galveias


Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill, No Reino da Dinamarca

terça-feira, junho 13, 2006

Sonho

Despertei na cidade
Repleta de sonhos
Sentei-me acordado
Sonhando a noite

Saí para o céu
Encontrei-te na rua
E lembrei-me da névoa

Gritei no silêncio
Ouvi-me no eco
Pensei-me no vento
Cortante momento

Corri na estrada
Toquei-te na pele
Gelei no contacto

Sonhando na noite
Desmaiei na calçada
Acordei na cidade
Sentei-me acordado

De casa corri,
corri para casa
E fugi

Fugi dos medos da alma


F.Marinho

sábado, junho 10, 2006

Bloggers

Jornalismo e bloggers,
Paulo Querido


"A euforia em torno da descoberta da ferramenta de auto-edição e das admiráveis possibilidades da informação automaticamente ligada por hipertexto (presente na blogosfera e infelizmente ausente dos meios tradicionais em linha, sobretudo em Portugal) leva os novos autores, os bloggers a embandeirar em arco. Essa euforia traduz-se nesta síntese retirada do "senso comum blogosférico": são eles, bloggers os ladinos investigadores de A Informação num mundo em que os jornalistas se enrodilham numa panóplia de crises que afectam a Imprensa…"

[Texto completo in Expresso]


Posyspron

São muitos os que afirmam que o tempo dos bloggers está findo... não discuto... parcialmente até concordo... mas sugem lufadas de ar fresco... ficamos a conhecer pessoas interessantes.

Deixo-vos o LINK para um blog que merece ser acompanhado... e comentado... espero que a Olga não se canse... pelo menos por mais um tempo...

Tenham todos um bom fim-de-semana [com mais ou menos futebol]...

quinta-feira, junho 08, 2006

Já tinha saudades...





Dizem?
Esquecem.
Não dizem?
Dissessem.

Fazem?
Fatal.
Não fazem?
Igual.

Por quê
Esperar?
-Tudo é
Sonhar.


Fernando Pessoa [1926]

quarta-feira, junho 07, 2006

Blog a visitar



Carlos Narciso teve a amabilidade de me enviar o link para o seu blog. Os temas são muito actuais e interessantes.

Vale mesmo a pena uma visita.

quinta-feira, junho 01, 2006

Poesia como acompanhamento musical...


Os homens amam a guerra

Os homens amam a guerra. Por isso
se armam festivos em coro e cores
para o dúbio esporte da morte.

Amam e não disfarçam.
Alardeiam esse amor nas praças,
criam manuais e escolas,
alçando bandeiras e recolhendo caixões,
entoando slogans e sepultando canções.

Os homens amam a guerra. Mas não a amam
só com a coragem do atleta
e a empáfia militar, mas com a piedosa
voz do sacerdote, que antes do combate
serve a hóstia da morte.

Foi assim na Criméia e Tróia,
na Eritréia e Angola,
na Mongólia e Argélia,
no Saara e agora.

Os homens amam a guerra
E mal suportam a paz.

Os homens amam a guerra,
portanto,
não há perigo de paz.

Os homens amam a guerra, profana
ou santa, tanto faz.

Os homens têm a guerra como amante,
embora esposem a paz.

E que arroubos, meu Deus! nesse encontro voraz!
que prazeres! que uivos! que ais!
que sublimes perversões urdidas
na mortalha dos lençóis, lambuzando
a cama ou campo de batalha.

Durante séculos pensei
que a guerra fosse o desvio
e a paz a rota. Enganei-me. São paralelas
margens de um mesmo rio, a mão e a luva,
o pé e a bota. Mais que gêmeas
são xifópagas, par e ímpar, sorte e azar
são o ouroboro- cobra circular
eternamente a nos devorar.

A guerra não é um entreato.
É parte do espetáculo. E não é tragédia apenas
é comédia, real ou popular,
é algo melhor que circo:
-é onde o alegre trapezista
vestido de kamikase
salta sem rede e suporte,
quebram-se todos os pratos
e o contorcionista se parte
no kamasutra da morte.

A guerra não é o avesso da paz.
É seu berço e seio complementar.
E o horror não é o inverso do belo
-é seu par. Os homens amam o belo
mas gostam do horror na arte. O horror
não é escuro, é a contraparte da luz.
Lúcifer é Lubel, brilha como Gabriel
e o terror seduz.
Nada mais sedutor
que Cristo morto na cruz.

Portanto, a guerra não é só missa
que oficia o padre, ciência
que alucina o sábio, esporte
que fascina o forte. A guerra é arte.
E com o ardor dos vanguardistas
frequentamos a bienal do horror
e inauguramos a Bauhaus da morte.

Por isso, em cima da carniça não há urubu,
chacais, abutres, hienas.
Há lindas garças de alumínio, serenas,
num eletrônico balé.

Talvez fosse a dança da morte, patética.
Não é . É apenas outra lição de estética.
Daí que os soldados modernos
são como médico e engenheiro
e nenhum ministro da guerra
usa roupa de açougueiro.

Guerra é guerra!
dizia o invasor violento
violentando a freira no convento
Guerra é guerra!
dizia a estátua do almirante
com a boca de cimento.
Guerra é guerra!
dizemos no radar
desgustando o inimigo
ao norte do paladar.

Não é preciso disfarçar
o amor à guerra, com história de amor à pátria
e defesa do lar. Amamos a guerra
e a paz, em bigamia exemplar.
Eu, poeta moderno ou o eterno Baudelaire
eu e você, hypocrite lecteur,
mon semblable, mon frère.
Queremos a batalha, aviões em chamas
navios afundando, o espetacular confronto.

De manhã abrimos vísceras de peixes
com a ponta das baionetas
e ao som da culinária trombeta
enfiamos adagas em nossos porcos
e requintamos de medalha
-os mortos sobre a mesa.

Se possível, a carne limpa, sem sangue.
Que o míssil silente lançado à distância
não respingue em nossa roupa.
Mas se for preciso um banho de sangue
-como dizia Terêncio:-sou humano
e nada do que é humano me é estranho.

A morte e a guerra
não mais me pegam ao acaso.
Inscrevo sua dupla efígie na pedra
como se o dado de minha sorte
já não rolasse ao azar,
como se passasse do branco
ao preto e ao branco retornasse
sem nunca me sombrear.
Que venha a guerra! Cruel. Total.
O atômico clarim e a gênese do fim.
Cauto, como convém aos sábios,
primeiro bradarei contra esse fato.
Mas, voraz como convém à espécie,
ao ver que invadem meus quintais,
das folhas da bananeira inventarei
a ideológica bandeira e explodirei
o corpo do inimigo antes que ataque.
E se ele não atirar primeiro, aproveito
seu descuido de homem fraco, invado sua casa
realizando minha fome milenar de canibal
rugindo sob a máscara de homem.

-Terrível é o teu discurso, poeta!
Escuto alguém falar.
Terrível o foi elaborar.
Agora me sinto livre.
A morte e a guerra
já não podem me alarmar.
Como Édipo perplexo
decifrei-a em minhas vísceras
antes que a dúbia esfinge
pudesse me devorar.

Nem cínico nem triste. Animal
humano, vou em marcha, danças, preces
para o grande carnaval.
Soldado, penitente, poeta
-a paz e a guerra, a vida e a morte
me aguardam
- num atômico funeral.

-Acabará a espécie humana sobre a Terra?
Não. Hão de sobrar um novo Adão e Eva
a refazer o amor, e dois irmão:
-Caim e Abel
-a reinventar a guerra.


Affonso Romano de Sant'Anna

Tempo...



O tempo não sabe nada
O tempo não tem razão
O tempo nunca existiu
É da nossa invenção

Se abandonarmos as horas para nos sentirmos sós
Meu amor o tempo somos nós

O espaço tem o volume
da imaginação
Além do nosso horizonte
existe outra dimensão

O espaço foi construído sem princípio nem fim
Meu amor tu cabes dentro de mim

O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Não há passos divergentes para quem se quer encontrar

A nossa história começa
na total escuridão
Onde o mistério ultrapassa
a nossa compreensão

A nossa história é o esforço para alcançar a luz
meu amor o impossível seduz.

O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Não há passos divergentes para quem se quer encontrar.

Jorge Palma

quarta-feira, maio 24, 2006

Rapaz - jovem e em bom estado de conservação - procura companhia...

A minha inscrição já seguiu.
Como é? Alguém me quer fazer companhia para o próximo ano?
Confirmem com o Daniel. Ele está a terminar e recomenda.
Site do ISCTE

sábado, maio 20, 2006

Bom fim-de-semana!!



Segue o teu destino

Segue o teu destino
rega tuas plantas
ama as tuas rosas
o resto é sombra
de arvores alheias.

A realidade
sei que é mais ou menos
do que nós queremos
só nós somos sempre
iguais a nós próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
A resposta está além dos deuses.

Mas serenamente
imita o Olimpo
no teu coração.
Os deuses são deuses
porque não se pensam.


Ricardo Reis

quarta-feira, maio 17, 2006

É a vida

canoa

Ouvi dizer... que uma ex-colega de turma vai casar.

Eu sei quem é, e vocês?

Já tinha saudades...


Foto de António Inocêncio - "Retalhos de uma vida"



ESTOU CANSADO

Estou cansado, é claro,

Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.

De que estou cansado, não sei:

De nada me serviria sabê-lo,

Pois o cansaço fica na mesma.

A ferida dói como dói

E não em função da causa que a produziu.

Sim, estou cansado,

E um pouco sorridente

De o cansaço ser só isto —

Uma vontade de sono no corpo,

Um desejo de não pensar na alma,

E por cima de tudo uma transparência lúcida

Do entendimento retrospectivo...

E a luxúria única de não ter já esperanças?

Sou inteligente; eis tudo.

Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,

E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,

Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.

Álvaro de Campos

domingo, maio 14, 2006

Início da Cow Parade Lisboa '06

Nome da Vaca: Cowpombalina - Artista: Cátia Ribeiro - Localização: Largo de Santos
Madrugada 13/14 de Maio '06 - Foto: CGalveias


Elas já andam por Lisboa... bem simpáticas e originais... e muito limpinhas...

quinta-feira, maio 11, 2006

MUNDO MIX

A não perder

este fim de semana no castelo.

domingo, maio 07, 2006

Lev Manovich em Lisboa

Site de Lev Manovich


Informação partilhada pelo Luís. Obrigado

Resto bom fim-de-semana

quinta-feira, abril 27, 2006

Peregrinação ao Bairro Alto a 13 de Maio '06

As datas solenes devem ser comemoradas e lembradas entre amigos… ainda me lembro como se fosse hoje… uma frequência de Teorias da Comunicação (ou seria Métodos Quantitativos?)… a 13 de Maio de… bem, do ano já não me lembro.

Relembrado o pretexto, eis a minha proposta para este 13 de Maio (trata-se de um Sábado):

Encontro a partir das 11 horas no Jardim do Príncipe Real. Decorre nesse dia a Feira de Produtos de Agricultura Biológica, mais do que uma oportunidade de vender a fruta fora de prazo lá de casa, tenho a certeza que proporcionará enquadramentos coloridos aos nossos colegas fotógrafos amadores.

Contando que o pessoal não se empanturra com frutos e vegetais biológicos, passamos ao almoço a partir das 13 horas. Proponho a Trindade, pois tem todos aqueles pratos saudáveis, óptimos para o meu colesterol.

Depois do almoço um passeio pelo Bairro Alto. Eu sei que o Homem não vive apenas de pão, mas seria interessante não se voltar a perder tanto tempo na sex-shop logo junto à Trindade, mesmo sendo nessa semana época de saldos para os mais diversos brinquedos.

Uma compra rápida (não falei em “rapidinhas”, lembrem-se que acabaram de comer…) e iniciamos um périplo (depois de deixarmos os sacos das compras nos carros) pelos alfarrabistas, ficando o convite para um chá de jasmim na nova Ler Devagar. O passeio deverá levar-nos até ao miradouro do Adamastor.

Este será novamente o momento para os nossos fotógrafos amadores abusarem das suas máquinas, pois o rio é lindo visto deste local e poderemos ter sorte com um pôr-do-sol deslumbrante.

Jantar? Claro que sim! A Casa da Índia tem uma ementa deveras adequada.

Como é? Estamos combinados? Sei que o itinerário que estive a explanar foi apenas para meu gozo pessoal, chegado o dia faremos o que nos parecer melhor...

Mas estamos combinados em relação ao dia? 11 horas no Jardim do Príncipe Real?

SeeU

quinta-feira, abril 13, 2006

“Alguns não conseguem afrouxar as suas próprias cadeias e, não obstante, conseguem libertar os seus amigos.

Um homem tem que estar preparado para se queimar na sua própria chama: como se pode renovar sem primeiro se transformar em cinzas?”


Assim Falava Zaratustra [Nietzsche]


Depois de um período de quaresma há que criar novas flores… uma boa Páscoa para todos!


Sofia e Francisco… afinal a data tem de ser outra…

sábado, abril 01, 2006

Viver até ao fim



A voz dos poetas ensinou-nos que devemos viver as nossas vidas até ao fim!
Ele viverá para sempre nos nossos corações! Sempre!

----- *** -----


A nossa questão relacionada com o jantar!


A data proposta para o jantar é o dia 29 de Abril. Eu sei que falta ainda algum tempo… mas é propositadamente… assim todos têm tempo para desmarcar o esteticista, o massagista, o casamento, o baptizado, a lavagem do carro, o divórcio, o passeio do cão, as limpezas de Primavera, a remoção do calo, o corte de cabelo… ainda há tempo…

Eu proponho o Stasha no Bairro Alto no dia 29 de Abril…
Tenho a certeza que a Sofia e o Francisco lá estarão... eu também!
SeeU

domingo, março 26, 2006

Alma!!!!!!!!!!!

Meus amigos quero jantar!
Desde Janeiro que não janto!
Há por aí ainda um Sábado disponível?


Foto 1000 Imagens

(sim, não pedi autorização! Processem-me!)

--- ** ---


Alma Portuguesa


Entre as palavras pequenas
De grande significado
Com quatro letras apenas
Emerge a palavra fado !

O fado é toda a essência
É deste Povo a raiz...
O fado é por excelência
A canção do meu País.

Nós temos fado na alma
Um fado que a vida adoça
E ninguém nos leva a palma
Nesta canção que é tão nossa.

Nós veneramos o fado
Quase como uma doutrina
Porque tange algo sagrado
Que a nossa alma ilumina.

(Fado)... Fado somos todos nós...
Pelo mundo em qualquer lado
Há fado na nossa voz...
Mesmo sem cantar o fado !...

Fado é a expressão maior
Que traduz subtileza
É o nosso Embaixador....
Fado... É a alma portuguesa !...



Euclides Cavaco

[Não confundir com o Aníbal...]

segunda-feira, março 20, 2006

Ainda Álvaro de Campos...

Foto Vitor MM Sousa


O Sono

O sono que desce sobre mim,
O sono mental que desce
fisicamente sobre mim,
O sono universal que desce individualmente sobre mim
Esse sono
Parecerá aos outros o sono de dormir,
O sono da vontade de dormir,
O sono de ser sono.
Mas é mais, mais de dentro, mais de cima:
E o sono da soma de todas as desilusões,
É o sono da síntese de todas as desesperanças,
É o sono de haver mundo comigo lá dentro
Sem que eu houvesse contribuído em nada para isso.

O sono que desce sobre mim
É contudo como todos os sonos.
O cansaço tem ao menos brandura,
O abatimento tem ao menos sossego,
A rendição é ao menos o fim do esforço,
O fim é ao menos o já não haver que esperar.

Há um som de abrir uma janela,
Viro indiferente a cabeça para a esquerda
Por sobre o ombro que a sente,
Olho pela janela entreaberta:
A rapariga do segundo andar de defronte
Debruça-se com os olhos azuis à procura de alguém.
De quem?
Pergunta a minha indiferença.
E tudo isso é sono.

Meu Deus, tanto sono! ...


Álvaro de Campos