As notícias sobre condutas criminosas são inúmeras. A quantidade é tão elevada que já raramente constituem notícia de prelo. O crime tem de ser muito elaborado, sangrento ou aberrante para merecer a nossa atenção.
Hoje durante a hora de almoço tomei como companhia a edição do Correio da Manhã, confesso que não sou leitor deste título, no entanto é o que se encontra com maior frequência à disposição nos estabelecimentos de restauração. Daí não ter tido grande escolha, para mais, na televisão estava a ser emitido o jornal da TVI.
Na página 11 fiquei a saber que a GNR de Canha tinha detido, em flagrante delito, oito homens a roubarem pinhas na zona de Pegões. As pinhas eram recolhidas junto às estadas nacionais, EN4 e EN10, para posteriormente serem vendidas ao quilo às fábricas de pinhões, por um preço de 30 a 40 cêntimos.
No ano 2003 o Instituto das Estradas de Portugal comercializou – por concurso público – as pinhas dos pinheiros das bermas da estrada por um valor total de 5.516,52 euros.
Os detidos que cometeram o crime de furto contra o Estado foram ontem apresentados a Tribunal e terão de pagar uma multa.
Na página 17 do mesmo jornal são apresentadas as contas do concurso de colocação de professores. Os valores apurados por uma auditoria da Inspecção-Geral das Finanças determinaram 1.800.000 de euros como custo total. Este valor não inclui – naturalmente – os custos que os professores sofreram.
A auditoria determinou ainda “indícios de prática de actos susceptíveis de configurar ilícitos disciplinares e contratuais”.
A Ministra, Maria do Carmo Seabra, recusou-se a comparecer na Assembleia da República, pois: “Telefonaram-me a perguntar se achava interessante ir [à AR] e disse que não, porque achei que os jornalistas fariam hoje [ontem] todas as perguntas relevantes”.
Comentários? Para quê? Apenas a moral da história: é crime roubar tostões, tem sucesso quem rouba milhões!
Estarei a ser demasiado mesquinho...?
quinta-feira, janeiro 06, 2005
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1 comentário:
O texto perfeito.
Porque é que não escreves num blogue apropriado?
Para bom entendedor...
F.M.
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