terça-feira, junho 08, 2004

Histórias Ferroviárias XVI ( O regresso)

Não sei se já repararam que as cerejas começam a criar bolores ao fim de pouco tempo.
Sentado em frente de um casal labialmente colado, e sem ter para onde olhar, fechei as pálpebras começando a visualizar o percurso das línguas respectivas como se fossem providas da capacidade de visão.
Entre caries e depósitos de históricas refeições alojadas nas paredes esmaltadas, ambas se gladiam pelo supremo palato, produzindo um bailado "Dantesco" sobre palcos de chumbo e cenários húmidos.
Que visão aterradora. Com todos os pelos em pé, abri o olhos e corri para o exterior da composição.
Já em minha casa, os primeiros vinte minutos foram gastos a usar toda a panóplia de produtos e objectos de higiene oral disponível.
Agora estava pronto, agora estava em condições de a agarrar mal ela toca-se à campainha. Envolto neste pensamentos sou alertado pelo ribombar do carrilhão da minha porta. Corri como louco, ansioso pelo beijo.
Abri…, ….era a minha velha porteira…
Os seguintes quarenta minutos foram gastos a usar toda a panóplia de produtos , objectos de higiene oral e de desinfectante disponível.

Ao abrir a porta do frigorifico deparei com as cerejas de véspera em estado mutante.

F.Marinho

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