sexta-feira, dezembro 30, 2005
domingo, dezembro 25, 2005
Grande Pedra...
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
quarta-feira, dezembro 21, 2005
terça-feira, dezembro 20, 2005
segunda-feira, dezembro 19, 2005
Hohoho!
Aqui está o nosso amigo Pai Natal a fazer o que realmente gosta, o barbudo pançana, é afinal de contas um voyeur(mirone de miúdas na praia) e um exibicionista que adora fazer nudismo durante todo o ano (também em locais públicos), não são raros os relatos e testemunhos de um homem(aparentemente senil), que aparece nú em casa de pessoas em todo o mundo, no dia 25 de Dezembro e com a desculpa, "Ah sabe, eu sou o Pai Natal, e como engordei bastante e as renas estavam com um problema intestinal, tive que tirar a indumentária para caber na chaminé, afinal de contas até está bem quentinha!"...Hohoho!
Bem queria apenas desejar a todos umas Boas Festas (onde preferirem)!
Beijos e abraços
sábado, dezembro 17, 2005
100 anos de Erico Veríssimo
Erico Veríssimo
quarta-feira, dezembro 14, 2005
Quase a fazer anos...
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí, Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O’Neill, in No Reino da Dinamarca
sexta-feira, dezembro 09, 2005
Não, não nos esquecemos de ti...
Em tempo de homenagens... na noite de sete para oito de Dezembro... o nascimento de mais uma alma portuguesa... a data da sua morte?... não interessa... ela nunca morreu!
Nostalgia
Nesse País de lenda, que me encanta,
Ficaram meus brocados, que despi,
E as jóias que plas aias reparti
Como outras rosas de Rainha Santa!
Tanta opala que eu tinha! Tanta, tanta!
Foi por lá que as semeei e que as perdi...
Mostrem-se esse País onde eu nasci!
Mostrem-me o Reino de que eu sou Infanta!
Ó meu País de sonho e de ansiedade,
Não sei se esta quimera que me assombra,
É feita de mentira ou de verdade!
Quero voltar! Não sei por onde vim...
Ah! Não ser mais que a sombra duma sombra
Por entre tanta sombra igual a mim!
Florbela Espanca
quinta-feira, dezembro 01, 2005
30 de Novembro
O problema essencial da vida, que é o problema da realidade ou da verdade, não existe, nem pode existir em iguais termos para o homem de inteligência superior e para o homem vulgar.
O homem de inteligência superior não tem, é certo, melhores elementos para descobrir a verdade do que os mais fechado dos idiotas. O que tem é melhores elementos para compreender por que é que ela não se pode descobrir.
Mas a descrença, a que chegam todos os espíritos elevados, em que a razão predomina sobre o sentimento, sendo para eles tónica, é absolutamente desastrosa para os inferiores. Sem fé, sem crença, o homem vulgar reduz-se a um bicho; com fé, com crença, o homem superior baixa de posto.
De aí o terrível paradoxo, que ataca todo o homem ao mesmo tempo superior intelectual e moralmente; que é inferior não sentir a descrença, e inferior pregar a descrença que se sente. O inferior não é capaz de descrença, porque a crença é um estado orgânico dos instintivos. Por isso a descrença, caindo nesse solo impropício, ou se torna um fanatismo às avessas, ou um materialismo sem teoria, ou uma simples estupidez.
Fernando Pessoa, ensaio sobre a Realidade